Quem não se lembra dos enormes tonéis que havia nas caves do Ribatejo, da Estremadura, da Bairrada ou do Dão?
Um dos vinhos que sugiro hoje, um branco do Alentejo, teve um estágio de um ano em barrica sem que a dita fosse aberta e o vinho arejado e/ou passado a limpo. A Ravasqueira já tinha ensaiado antes algumas práticas de ligação vinho/madeira que não eram habituais, uns vinhos então chamados Ravasqueira Premium. Desta vez deixou-se o vinho sossegado durante um ano. É uma prática possível. A madeira é uma ancestral parceira do vinho, quase sempre usada como depósito de conservação, tradicionalmente em grandes formatos.
Quem não se lembra dos enormes tonéis que havia nas caves do Ribatejo, da Estremadura, da Bairrada ou do Dão? O uso destes tonéis enormes não se destinava a marcar o vinho com aromas (o que acontece se a barrica for nova) mas antes a amaciá-lo, domesticar os taninos e permitir que o tinto, por vezes após 10 anos de estágio no tonel, pudesse ser bebível. Os brancos, se guardados desta forma, iam oxidando lentamente, ganhando mais cor, aromas resinosos e de fruta muito madura. Este panorama clássico e tradicional alterou-se quando os produtores olharam para a madeira de outra maneira, quando pensaram em fermentar brancos na madeira nova e estagiar os tintos também em barricas acabadas de fazer. A moda pegou a partir de finais dos anos 80 e, passada a euforia, foi-se despegando, lenta mas inexoravelmente. […]