Há quase 400 anos, nascia na Mata do Bussaco uma Via Crucis, a única réplica no mundo à escala de Jerusalém e perfeitamente integrada na natureza. Classificada como Monumento Nacional, esta área, com mais de 100 hectares, é candidata a património mundial da UNESCO
Teria de ser um local isolado, para viverem em paz a sua espiritualidade. A Mata do Bussaco, na freguesia de Luso, no concelho da Mealhada, era perfeita para os monges construírem o seu “Deserto” místico de reflexão, protegido por uma cerca. Assim foi, após o bispado de Coimbra doar a mata à Ordem dos Carmelitas Descalços, em 1628, ergueu-se o Convento de Santa Cruz do Bussaco. Sob a égide de Manuel de Saldanha, Reitor da Universidade de Coimbra, a partir de 1644 foi a vez da esplêndida Via Sacra, a única réplica no mundo à escala de Jerusalém.
Como Jerusalém estava sob o domínio do Império Otomano, os Sacromontes tentavam “reproduzir” a Cidade Santa, através de capelas representando os Passos da Prisão e da Paixão de Cristo. No início, as estações da Via Crucis do Bussaco assinalavam-se apenas com cruzes de pau-brasil, tendo sido substituídas por capelas por iniciativa do Bispo de Coimbra, D. João de Melo, em 1694. Incluíram-se os Passos da Prisão e a ideia era também reproduzir as distâncias entre cada Passo. A Via Sacra estende-se por cerca de 3,5 km com 20 Passos da Prisão e da Paixão de Cristo, incluindo o Horto, a sentença de morte no Pretório, o Calvário e o Sepulcro. […]