A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) cancelou as ações de promoção na Rússia e está a reorientar as exportações para outros mercados, como o mexicano, disse hoje à Lusa a diretora de ‘marketing’ da CVRVV.
“Nós temos um forte programa de investimento em ações de comunicação e promoção na Rússia e esse programa foi ajustado. Foi cancelado ou anulado em março” devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, disse hoje à Lusa Carla Cunha, diretora de ‘marketing’ da CVRVV.
De acordo com a responsável da comissão dos vinhos verdes, foram cancelados “vários tipos de ações que estavam previstas realizar-se na Rússia ainda este ano”, como por exemplo “levar comitivas de produtores a diversas cidades russas, para terem um contacto direto com compradores, com importadores”.
As ações na Rússia “serão compensadas por outras iniciativas noutros mercados, nomeadamente nos Estados Unidos, que é o principal mercado de exportação da região dos vinhos verdes, mas também noutros mercados”.
Aqui, o Brasil, o Canadá, o Japão ou o México, país que constitui uma novidade para a região dos vinhos verdes, estão a ser alvo de “um programa de produção em curso, que será reforçado com as verbas que estamos a libertar da Rússia”, disse Carla Cunha à Lusa.
Questionada sobre quanto tempo espera que as perdas com o mercado russo demorem a ser compensadas, a responsável não soube estimar, mas afirmou que a comissão está a “trazer muitas comitivas de compradores à região”.
“Está esta semana uma comitiva de cinco compradores mexicanos na região, a explorar novos negócios”, referiu, frisando que “são novos compradores que ainda não representam vinhos verdes e que estão à procura de produtores e marcas para os representar”.
Quanto ao mercado mexicano, é “novo, com grande potencial futuro de consumo de vinhos, porque é um mercado que está a despertar para o consumo de vinho, em que está a crescer o consumo ‘per capita'”, mas é “ainda pouco conhecedor, não só do vinho verde mas do vinho em geral”.
“Na próxima semana vamos ter uma comitiva de agentes do Canadá e estão programadas visitas de compradores de outros mercados”, acrescentou a responsável.
A região vai ainda receber “nos próximos meses, ainda no mês de abril e no mês de maio, comitivas dos Estados Unidos, do Japão”, e no segundo semestre “compradores do Brasil”.
A responsável recordou que a Rússia representa “para a região 2% das exportações”, a que se adicionam outras “que chegam ao mercado da Rússia por via indireta, nomeadamente pelos países bálticos e pela Finlândia”.
Os mercados dos países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) “são muito pequeninos” em termos de exportações, mas aí o risco está mais associado ao “risco de perda do poder de compra dos consumidores”, algo transversal a outras atividades económicas.
“A nível europeu, também estamos a compensar com outros mercados, como a Alemanha e a Dinamarca”, disse à Lusa Carla Cunha.
No total, a região dos vinhos verdes, no Norte de Portugal exportou 4,1 milhões de euros para Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e países bálticos em 2021, segundo dados oficiais da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV).
O maior cliente na região foi a Rússia (1,58 milhões de euros), seguido da Estónia (1,31 milhões), da Ucrânia (752 mil euros), da Lituânia (210 mil euros) e da Letónia (185 mil).
A Região dos Vinhos Verdes abrange 48 concelhos do noroeste do país, conta com cerca de 16 mil hectares de vinha, aproximadamente 15 mil produtores de uva e cerca de 370 engarrafadores com marca própria.
Cerca de metade dos 150 a 170 milhões de euros do volume de negócio do vinho verde, à saída dos produtores, destina-se à exportação.