O ministro da Agricultura polaco declarou hoje que o seu Governo manterá o veto às importações de produtos agrícolas ucranianos após 15 de setembro, mesmo que as restrições da União Europeia (UE) que expiram nesse dia não sejam prorrogadas.
“Depois de 15 de setembro, não permitiremos importações de cereais da Ucrânia para a Polónia”, declarou Robert Telus, numa intervenção na Feira Nacional de Agricultura em Czestochowa, no sul do país, noticiou a agência polaca PAP.
“Os interesses dos agricultores polacos são, para nós, mais importantes que qualquer regulamentação europeia sobre esta matéria”, acrescentou.
O ministro advertiu de que a entrada na Polónia de cereais a preços mais baixos teria consequências negativas para o mercado polaco – uma posição que tenciona defender em Córdova, onde, juntamente com os homólogos dos outros países fronteiriços com a Ucrânia, espera conseguir a extensão do veto até finais deste ano.
“Sabemos o que pode acontecer se os cereais entrarem na Polónia depois de 15 de setembro. Especialmente agora, que o preço dos cereais é baixo e os armazéns já estão cheios”, prosseguiu Telus.
“É por isso que irei com esta mensagem a Espanha, para a reunião dos ministros da Agricultura”, frisou.
O comissário europeu para a Agricultura, Janusz Wojciechowski, afirmou na passada quinta-feira que a Comissão Europeia está a equacionar a possibilidade de prolongar até dezembro a proibição temporária de importação de quatro produtos alimentares ucranianos pela Polónia, a Roménia, a Bulgária, a Hungria e a Eslováquia.
Esse veto está em vigor desde maio último, na sequência de queixas apresentadas por estes cinco Estados, que foram inundados por produtos agroalimentares ucranianos após o levantamento das taxas aduaneiras em resposta à guerra.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, de acordo com dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e fez nos últimos 18 meses um elevado número de vítimas não só militares como também civis, impossíveis de contabilizar enquanto o conflito decorrer.
A invasão – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.