A Bulgária proibiu hoje temporariamente a importação de cereais e outros produtos alimentares da Ucrânia, que está a afetar os produtores búlgaros, anunciou o Governo de Sófia.
Polónia, Hungria e Eslováquia tomaram medidas idênticas nos últimos dias.
“Somos obrigados a tomar esta medida nacional enquanto a União Europeia (UE) procura uma resposta adequada aos ‘corredores de solidariedade’ que foram criados com outro objetivo”, disse o primeiro-ministro búlgaro, Galab Donev, citado pela agência espanhola EFE.
Donev disse que, como resultado das medidas de solidariedade com a Ucrânia, “permaneceram no país quantidades consideráveis de alimentos e quebraram-se cadeias de produção e abastecimento chave” locais.
A medida búlgara, decretada até ao final de junho, afeta a importação de trigo, girassol, milho, mel, leite cru e em pó, fruta e legumes, ovos e galinhas, e carne de vaca e de porco.
A proibição não se aplicará ao trânsito de produtos agrícolas da Ucrânia para países terceiros, explicou Donev.
Os países vizinhos da Ucrânia que pertencem à UE queixam-se de que os seus produtores estão a ser prejudicados pelas importações de produtos ucranianos ao abrigo de medidas de ajuda à economia do país.
Com a guerra desencadeada pela invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, foram criadas “rotas de solidariedade” para que a Ucrânia pudesse escoar os seus produtos face ao bloqueio do Mar Negro.
Em fevereiro deste ano, a Comissão Europeia propôs a renovação da suspensão dos direitos de importação, quotas e medidas de defesa comercial sobre as exportações ucranianas para a UE por mais um ano.
A comissão reconheceu, na altura, que as medidas tinham originado um “aumento significativo das importações de alguns produtos agrícolas da Ucrânia para a UE em 2022”, pelo que previu um mecanismo de salvaguarda para proteger o mercado comunitário, se necessário.
O comissário europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, deverá reunir-se hoje com representantes dos países da UE mais afetados e com as autoridades da Ucrânia para tentar encontrar uma solução, segundo a agência espanhola Europa Press.
“O que vemos é que após a iniciativa das rotas de solidariedade e o bloqueio do Mar Negro, houve um aumento substancial das importações de cereais ucranianos para a UE, especialmente nos países fronteiriços”, reconheceu Dombrovskis na terça-feira.
Dombrovskis disse que “o principal objetivo das vias de solidariedade era assegurar que a Ucrânia tivesse regras alternativas para exportar a sua produção agrícola”.
O comissário defendeu ser necessário avaliar “como restabelecer os fluxos de trânsito, protegendo ao mesmo tempo os agricultores da UE e mantendo o apoio à economia ucraniana”.
A Croácia também anunciou, na terça-feira, que vai pedir à UE “medidas de intervenção” para proteger o mercado interno da concorrência dos produtos agrícolas importados da Ucrânia.
O bloqueio russo dos portos ucranianos levou à acumulação de cereais, cuja reexportação foi conseguida através de um acordo mediado pelas Nações Unidas e pela Turquia.
A Ucrânia é um dos principais produtores de cereais a nível mundial e a guerra veio perturbar os mercados, originando uma subida de preços a nível global.