Para fazer face aos impactos das secas e reduzir os riscos de escassez não podemos continuar a construir barragens, furos e transvases como se a água fosse um recurso infinito
Nos últimos anos, os conhecidos impactos da seca multiplicaram-se. Na maior parte do país a última década foi a mais seca desde que há registos, e os cenários futuros não são animadores.
No entanto, mais do que a redução da disponibilidade de água causada pelas alterações do clima, muitos destes impactos resultam do contínuo aumento do consumo. Com a expansão das redes urbanas de abastecimento, o crescimento do turismo e o alargamento das áreas de regadio, a procura de água não pára de aumentar — o que, face a uma oferta limitada e frequentemente reduzida, causa este desequilíbrio que dá pelo nome de “escassez”. Ainda mais grave é o facto de muito deste aumento de consumo se estar a verificar onde as disponibilidades de água já eram mais reduzidas e onde mais se têm feito sentir as alterações climáticas: no Alentejo e no Algarve. […]