Projeções científicas apontam para um futuro mais quente, com menos chuva e com multiplicação e extensão de ondas de calor e de períodos de seca
Se as secas que nos têm afligido fazem soar alarmes, as projeções seguintes irão fazê-los disparar. Temos vivido duas a três secas severas por década, mas as projeções dos estudos complementares ao “Roteiro Nacional para a Adaptação 2100” indicam que, no final deste século, podemos vir a ter seis a sete secas por cada dez anos no sul no cenário mais gravoso projetado. Ou seja, “teremos mais de metade de uma década em seca, no período 2071-2100”, adianta ao Expresso Pedro Matos Soares, coordenador da equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) que está a trabalhar neste roteiro.
Estas projeções só não se concretizarão, acrescenta, “se se cumprirem as promessas feitas no acordo de Paris de 2015”, que visam cortar as emissões de gases de efeito de estufa de modo a que as temperaturas médias globais não subam mais de 1,5°C até final do século por comparação à época pré-industrial. Para tal, segundo o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), seria necessário cortar 45% das emissões globais de dióxido de carbono e de outros gases de efeito de estufa (GEE) até 2030 e atingir as emissões neutras em 2050. Porém, estas continuam a subir e a temperatura média global já aumentou 1,2°C desde o século XIX. […]