Na paisagem da Serra da Estrela ainda pontuam milhares de pinheiros queimados, que morreram de pé em agosto de 2022. Na aldeia de Verdelhos, que depende do pinhal, o tempo é de resignação e de ansiedade
A aldeia de Verdelhos, mergulhada no vale cavado do rio Beijames, afluente do Zêzere, em pleno coração do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), acordou pacata e algo cabisbaixa na passada segunda-feira, um ano depois do incêndio devastador que ali consumiu 1800 hectares de pinhal.
Dito desta forma, provavelmente parece apenas um banal conjunto de quatro algarismos, mas, assim que estacionamos o carro na Rua da Ponte, ao lado do Café Paragem, onde se trocam os primeiros “bons-dias” daquela manhã, rapidamente percebemos o que terá sido o inferno de chamas que há precisamente 12 meses haveria de mudar a vida de muitos dos habitantes que ainda ali resistem, em convívio diário com “doses cavalares de ansiedade acumulada”, como alguém comenta à saída do café.