O presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), David Neves, alertou hoje para o impacto que a seca terá no setor da suinicultura, com o aumento dos custos no abastecimento de água para as explorações.
“A implicação da seca terá custos reais no nosso setor, que já está a ser sujeito a uma grande exposição pelo facto de Portugal ter o mais alto preço da energia e dos combustíveis na Europa. Com a seca, teremos de fazer o abastecimento através de autotanques e, com os custos dos combustíveis, os custos de produção vão aumentar ainda mais”, afirmou à agência Lusa David Neves.
O também presidente da Associação de Suinicultores de Leiria salientou que o setor da suinicultura está a viver a “tempestade perfeita”, com o custo das matérias-primas, energia e combustíveis.
“O elemento da seca é mais um para agravar a situação”, acrescentou.
Segundo adiantou o empresário, “o setor das suiniculturas é aquele que não consegue refletir os custos de produção na venda ao público”.
“As margens brutais são para quem vende”, criticou David Neves, avisando que o setor está a “caminho do colapso”, pondo em causa “empresas, famílias e muitos postos de trabalho”.
Por isso, apelou à redução dos “preços dos combustíveis”.
Na semana passada, a climatologista Vanda Cabrinha já tinha considerado que a situação de seca em Portugal, especialmente a Sul, começa a ser preocupante, salientando que ainda não chegou aos piores níveis dos últimos 20 anos para esta altura.
Em declarações à agência Lusa, a climatologista indicou, na altura, que a situação de seca “entre fraca e moderada” já se verificava no último trimestre de 2021 e que não há para já previsões de chuva significativa, pelo menos até ao fim de janeiro.
“É uma situação anormal para esta altura. Não está ao nível de uma seca como tivemos em 2005. Mas, se entre o final de janeiro e fevereiro não houver precipitação, a situação poderá agravar-se imenso”, referiu.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou que, face à seca, toda a atividade de inverno está comprometida, destacando que a pecuária está a entrar em situação de “gravidade extrema”, pedindo a intervenção do Governo.
O presidente da CAP referiu que “toda a atividade de inverno está comprometida e a entrar em situação de gravidade extrema no que diz respeito à pecuária e às culturas de outono e inverno”.
Segundo este responsável, a seca começou por afetar a região Sul, mas, neste momento, já afeta praticamente todo o território.