O fim da atual campanha de rega no perímetro do Caia, em Elvas (Portalegre), foi antecipado para 15 de outubro e os agricultores não vão poder regar no outono/inverno, devido à seca, mas o abastecimento às populações está assegurado.
A decisão foi tomada pela Associação de Beneficiários do Caia face à diminuição das reservas hídricas naquela barragem alentejana, que, atualmente, está com “cerca de 28%” do seu armazenamento máximo útil, que é de 190 milhões de metros cúbicos de água.
“No começo desta campanha de rega, no final do ano passado, havia reservas hídricas suficientes e decidimos fazer os fornecimentos normais. A campanha decorreu de forma normal”, disse hoje à agência Lusa Aristides Chinita, gerente da associação.
Mas, face à falta de pluviosidade verificada ao longo dos meses, “entendemos fechar a campanha mais cedo. Costuma decorrer até 15 ou 30 de novembro, conforme a evolução da pluviosidade, mas, agora, vai terminar a 15 de outubro”, revelou.
Além disso, terminada a presente campanha das culturas de primavera/verão, o perímetro, que rega 7.270 hectares, abrangendo cerca de 250 agricultores, 68 dos quais pertencentes à associação e os restantes utentes, não vai disponibilizar água para as culturas de outono/inverno.
“Decidimos não fornecer água no período outono/inverno” com o objetivo de “reservar água” para a campanha do próximo ano, explicou.
Segundo Aristides Chinita, a campanha de rega de outono/inverno, que, naquela zona, abrange culturas como alhos e brócolos, “tem um impacto menor” do que a da primavera/verão.
Esta é “mais importante” para os agricultores locais, dedicados ao milho, sorgo, girassol, olival e pomares.
“Nos últimos meses, avisámos os agricultores para não fazerem contratos para culturas de outono/inverno”, porque “toda a água que se possa verificar nas reservas hídricas depois de 15 de outubro”, através da chuva que vier cair nos meses até à primavera, “será reservada para a próxima campanha”, frisou.
Recusando “alarmismos nesta altura”, até porque “a situação está controlada” e “o perímetro do Caia não tem falta de água há 20 anos”, Aristides Chinita só manifestou “apreensão” em relação à campanha de rega da primavera/verão de 2018, que depende “da pluviosidade que possa cair”.
Quanto ao abastecimento de água às populações dos concelhos de Elvas, Campo Maior, Arronches e Monforte, no distrito de Portalegre, servidas pela Barragem do Caia, o responsável afastou problemas ou constrangimentos.
“Temos a garantia de abastecer as populações, nos próximos três anos”, caso “não chovesse durante esses três anos”, afiançou, sublinhando: “Estão tomadas as medidas” necessárias para que, no fim da campanha de rega, fique água na barragem suficiente para “responder às populações” e para “considerar a evaporação de todo o ano de 2018”.
Segundo o mais recente boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), hoje disponibilizado, 78,8% de Portugal continental estava em seca severa (69,6%) e extrema (9,2%), no final de julho, mês caracterizado como “quente e muito seco”.
Ainda de acordo com o boletim, no mesmo período, verificou-se um agravamento da seca meteorológica no interior do Alentejo, o que contrasta com um desagravamento na região interior Norte.
O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.