A Associação Portuguesa de Produtores de Tomate (APPT), filiada na CNA — Confederação Nacional da Agricultura, considera que este é um ano/campanha (até final deste mês de Setembro) com “muitas adversidades para os produtores de tomate para a indústria do Ribatejo”. Dizem estes agricultores que “a difícil situação reclama apoios excepcionais a atribuir pelo Governo e pela União Europeia”.
No essencial, esta “difícil situação deve-se ao facto de os custos de produção terem aumentado muito nesta campanha — atingem os 7 mil euros por hectare — devido à necessidade de aumentar, e muito, os tratamentos nas terras e plantas invadidas por fungos e outras mazelas, a fim de se evitar a perda da produção”.
A direcção da CNA diz que “ainda há a esperança de existirem melhorias neste sector. Porém, tendo em conta a gravidade da situação, é necessário que o Governo intervenha para possibilitar o aumento de rendimentos da produção de tomate para a indústria.
Apoios excepcionais
Entre outras medidas, aqueles produtores reclamam a atribuição de ajudas específicas aos pequenos e médios produtores de tomate para a indústria, para os tratamentos fitossanitários desta cultura, assim como apoios para compensar baixas de preços na produção por motivos aleatórios.
Por outro lado, pede o reforço da Ajuda do “RPB Regime de Pagamento Base” ao hectare, até a uma base dos 350 euros /ano e o combate à especulação com o preço do arrendamento de terras na Região do Ribatejo.
Em comunicado enviado pela CNA, os produtores explicam que, com “as doenças a atacarem as produções, os agricultores acabam por dividir as terras para separar o tomate que já está a ser devastado do que ainda se encontra em condições e saudável, na esperança de se conseguir salvar algum produto. Caso contrário, a doença alastra por toda a área da exploração e o prejuízo pode ser total”.
Preço do tomate muito baixo
Ainda assim, em geral, os agricultores, “com muito trabalho e com o aumento dos custos de produção devido aos tratamentos frequentes à cultura, acabaram por conseguir produtividades de assinalar, próximas às 100 toneladas de tomate por hectare, mas o preço à produção é que está muito baixo”, realça a CNA.
Aqueles produtores realçam ainda que os custos reais de arrendamento da terra “à campanha”, praticados na zona irrigada mais próxima a Santarém, atingem os mil euros/ano por hectare — na Lezíria Ribatejana mais baixa chegam a dobrar este valor — o que, logo à partida, é um pesado encargo para os “seareiros” (os arrendatários da terra) para este tipo de culturas.
Tomate para a indústria
Em contrapartida, é cada vez menor o preço final do tomate para a indústria colocado na fábrica de transformação. Nesta campanha, e apesar dos problemas tidos com a cultura, os preços à produção oscilam entre 70 e 85 euros por tonelada, dependendo da qualidade apresentada à entrada da fábrica.
“São preços que, repete-se, não compensam os produtores de tomate pelo investimento feito, e ainda menos compensadores são se entrarmos em linha de conta com a valorização do trabalho do agricultor (e família) tido na faina”, acrescenta o mesmo comunicado.
“Mesmo juntando-lhes a Ajuda Directa do “RPB, Regime de Pagamento Base”, actualmente na ordem dos 240 euros por hectare, e no caso em que, de facto, são os seareiros (e não os proprietários da terra) a receber esta ajuda, os rendimentos continuam muito baixos.”, queixam-se aqueles agricultores
Segundo a Confederação Nacional da Agricultura, neste contexto, as Organizações de Produtores de Tomate não conseguem melhores preços à produção que as fábricas — reconhecidas para primeira transformação do tomate — “têm imposto os valores a pagar aos seus produtores”.
Campanha com balanço negativo
Portanto, o balanço para esta campanha é negativo. Por isso, o número de produtores de tomate para a indústria pode vir a diminuir, com muitos produtores, desde logo os “seareiros”, a “terem de abandonar a actividade visto que é insustentável produzir com tão baixos rendimentos, bem como com as pragas e doenças. Assim, perde a Região Ribatejana, perde a produção nacional, perde o País”,assegura a CNA.
Agricultura e Mar Actual