A procura do azeite está a globalizar-se desde a pandemia enquanto a produção está a sofrer o impacto negativo das alterações climáticas, sendo necessário produzir mais e de forma mais sustentável, segundo o Conselho Oleícola Internacional (COI).
A produção mundial de azeite duplicou desde 1990, para três milhões de toneladas anuais, mas a tendência de crescimento foi interrompida nas últimas duas campanhas (desde 2021), com dois níveis de produção muito baixos consecutivos, o que aconteceu pela primeira vez e é resultado dos impactos das alterações climáticas, segundo dados divulgados hoje em Madrid pelo COI, uma organização intergovernamental criada pelas Nações Unidas em 1959 que integra 46 países, incluindo os 27 da União Europeia.
Estes 46 países representam 94% da origem da produção de azeite no mundo, sendo que a maioria está na zona do Mediterrâneo, uma das mais afetadas pelas mudanças no clima.
Foi precisamente por causa do impacto da seca e de golpes de calor nesta região que as duas últimas campanhas de produção de azeite foram historicamente baixas, ao mesmo tempo que aumentou a procura, e em diversas regiões do mundo, sobretudo, após a pandemia de covid-19, que incrementou as preocupações associadas à alimentação, explicou o diretor executivo do COI, Jaime Lillo, que falava no Congresso Mundial do Azeite, organizado por uma plataforma de empresas e entidades do setor.
Verificou-se, assim, nos últimos dois anos, uma “escalada de preços sem precedentes” no azeite sendo o desafio agora, e para o futuro, “produzir mais e de forma sustentável”, afirmou Jaime Lillo.
O diretor do COI disse ser necessário diversificar as origens do azeite, com mais produção noutras partes do mundo para além do Mediterrâneo, assim como aumentar a cooperação internacional em diversas áreas, como a investigação científica ou a da normalização de classificação e critérios para efeitos comerciais.
Segundo a informação disponibilizada na sua página na Internet, o Conselho Oleícola Internacional (que tem sede em Madrid) é “a única organização intergovernamental no mundo que junta as partes interessadas na produção e no consumo tanto de azeite como de azeitonas”, o que a coloca “numa posição única como fórum de debate autorizado sobre questões de interesse para o setor” do azeite.
O primeiro Congresso Mundial do Azeite (OOWC, na sigla em inglês) arrancou hoje em Madrid e contará com a participação de cerca de 60 oradores de 25 países durante os próximos três dias, incluindo representantes de governos.
O congresso, segundo os organizadores, pretende tornar-se numa “plataforma de troca de conhecimento e ser uma referência internacional” para o setor do azeite, juntando produtores, consumidores, comercializadores ou cientistas, entre outros protagonistas.
Na origem da ideia e da organização do congresso está a empresa espanhola Agrifood, especializada em comunicação e ‘marketing’ na área da alimentação, com a agência a sublinhar que o primeiro encontro se realiza em Madrid por Espanha ser o maior produtor do mundo de azeite.
Os debates do congresso vão focar-se nos desafios das alterações climáticas, da promoção do azeite e do aumento dos preços.