O país tem grande variedade de solos, com diferentes potenciais de produtividade. Conhecê-los é essencial para uma correta gestão silvícola.
Em Portugal, as plantações de eucalipto encontram-se sobretudo localizadas em seis tipos de solo, cuja categorização é realizada em função das características físicas e químicas do terreno e tem por base o primeiro metro de profundidade.
Este conhecimento permite escolher os modelos de silvicultura mais indicados para cada situação: uma preparação de terreno adequada, que favoreça a conservação do solo e da água; a melhor tipologia de adubação de instalação e de manutenção; e a seleção do material genético mais adaptado à plantação.
Atualmente o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel (laboratório de I&D detido pela The Navigator Company, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade de Lisboa, através do Instituto Superior de Agronomia), tem cerca de 200 mil hectares avaliados em Portugal através da ferramenta da Zonagem Edafoclimática, sendo que parte da área foi considerada improdutiva ou com fortes restrições à plantação ou gestão com eucalipto. E parcelas contíguas podem mesmo ter potenciais de solo totalmente distintos, o que pode ser justificado, em parte, pela forma como foram geridas.
Estes são os principais tipos de solo do continente nacional e as suas localizações mais comuns:
Arenosols – solos pouco desenvolvidos, à base de areias (origem em sedimentos arenosos antigos). Textura franco-arenosa ou mais grosseira, com pelo menos 100 cm de profundidade e baixa capacidade de retenção de água. Pobres em matéria orgânica e nutrientes, ou seja, com baixa fertilidade. Mais frequentes no Vale do Tejo e Sado e em parte das faixas costeiras entre Nazaré e Espinho, e entre Sines e Alcácer do Sal.
Podzols – evoluídos e de natureza sedimentar, com horizonte sub-superficial espódico (horizonte B, de cor escura) formado pela migração/iluviação dos compostos orgânicos do horizonte superficial e textura franco-arenosa ou mais grosseira (areia). Solos ácidos e pouco férteis, podem atingir os 200 cm de profundidade. Frequentes no Centro e Sul de Portugal, em Cantanhede, Figueira da Foz, Leiria, Caldas da Rainha, Ribatejo, Alcácer do Sal e Sines.
Leptosols – pouco desenvolvidos, pouco profundos (até 25 cm de profundidade) e assentes sobre a rocha-mãe. Inclui também os solos com menos de 10% de terra fina. Frequentemente com baixo teor de matéria orgânica e quimicamente pobres. São solos mais suscetíveis à erosão, seca ou encharcamento, dependendo da zona. Existem em todo o país.
Cambisols – pouco desenvolvidos, geralmente com textura franco-arenosa ou mais fina, com profundidade entre 50-100 cm, e horizonte sub-superficial característico (horizonte B incipiente ou câmbico) e podem ter horizonte superficial rico em matéria orgânica. Existem em todo o país, sobretudo no Alto Douro e Beira Alta e em parte da Estremadura e Alto Alentejo.
Regosols – pouco desenvolvidos, pela falta de formação significativa de horizontes (sem horizonte B) e com profundidade superior a 25 cm. Material mineral superficial não consolidado, resultante da meteorização do material de origem (arenização ou argilização), mas sem edafização (processo de transformação de rochas decompostas em solo). Existem em todo o país.
Umbrisols – mais desenvolvidos, com um horizonte rico em matéria orgânica, de cor escura (horizonte úmbrico), com pelo menos 25 cm de espessura. Elevado potencial de produtividade florestal, mas com pouca expressão em Portugal, estando geralmente circunscritos a zonas do litoral Norte.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.