Os javalis já provocam prejuízos de um milhão de euros nas plantações portuguesas de milho e sorgo, podendo chegar ao milhão e meio. Os números foram apurados no inquérito da Associação de Produtores de Milho e Sorgo de Portugal (ANPROMIS), l.
Os produtores esperavam um ano de alto rendimento. “O produto final, por via dos preços internacionais, vai estar bastante mais elevado e seria uma forma dos produtores compensarem o que foram anos muito penalizadores em termos de preço”, começa por assumir Jorge Neves, presidente da ANPROMIS. O responsável lamenta que “os javalis estejam a destruir muito mais do que já destruíram noutros anos, gerando prejuízos muito grandes”.
O dirigente da associação denuncia que o ano fica marcado pelas restrições à caça, que impediram de fazer a chamada correção de densidades, deixando a população de javalis descontrolada. “Isto é muito preocupante, porque não vemos nenhuma medida coerente e com efeitos visíveis que permita fazer o controlo de espécie”, acusa o dirigente, acrescentando que “os javalis entram nos pivôs de rega e destroem tudo sem qualquer limitação. Andam por ali à vontade a comer maçarocas ou simplesmente a brincar. Dão cabo de tudo”.
No entanto, Nuno Banza, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), revela que já autorizou a caça ao javali, com cunho de controlo extraordinário de densidades. “Com a pandemia não houve caça nem ocupação do espaço rural, além de que a produção de milho se concentra em pivôs e os javalis conseguem fixar-se aí”, afirma o responsável.
O líder do ICNF admite que há vários riscos associados à disseminação de javalis pelo país, receando, por exemplo, a propagação da peste suína africana.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.