A Portucel Moçambique, subsidiária da portuguesa The Navigator Company, e as autoridades daquele país lançaram hoje numa cerimónia pública os trabalhos para a primeira exportação de madeira de eucalipto do projeto florestal da empresa.
A operação será o primeiro passo para “permitir colocar Moçambique no ‘roadmap’ internacional de países exportadores de madeira a partir de florestas plantadas”, referiu Paulo Silva, administrador-delegado da empresa, citado pelos meios de comunicação estatais.
Aquele responsável falava durante a cerimónia realizada a par de uma visita à floresta plantada desde há sete anos em Sussudenga, província de Manica, no centro de Moçambique, e onde agora se procede ao primeiro corte.
O primeiro lote de exportação, que sairá do país em navios, em data a anunciar, será composto por 140.000 metros cúbicos de madeira destinada a Portugal para produção de pasta de papel.
“Sendo um volume extremamente significativo”, a primeira exportação vai servir à Portucel Moçambique para “dar formação a trabalhadores moçambicanos, para que ganhem competências neste tipo de atividade, que é novo”, assim como para a própria empresa “conhecer os circuitos necessários a percorrer do ponto de vista administrativo, fiscal e legal”, detalhou Paulo Silva.
Francisca Tomás, governadora da província de Manica, classificou como “um valor acrescido para a economia de Moçambique, transportar esta madeira para fora do país”.
“Estamos satisfeitos por ver que, na maioria das atividades realizadas aqui, a comunidade está enquadrada”, acrescentou.
Até final de 2019, a Portucel Moçambique já tinha investido 120 milhões de dólares (100 milhões de euros) e 13.500 hectares com povoamentos de eucalipto no projeto florestal que está dividido em duas fases.
A primeira fase, em curso, pode chegar a 260 milhões de dólares de investimento (217 milhões de euros), 40 mil hectares de plantação e a construção de uma fábrica de produção de estilha para exportação de um milhão de toneladas e uma faturação anual na ordem dos 100 milhões de dólares (83,4 milhões de euros).
Após avaliação das condições de mercado, a empresa poderá avançar para uma segunda fase com um investimento adicional de 2,3 mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros), mais 120 mil hectares de floresta e a construção de uma fábrica de pasta para papel, prevendo exportações anuais de mais de mil milhões de dólares.
A Navigator apresenta o projeto de Moçambique como um modelo de “coabitação inclusiva das plantações [florestais] com os usos tradicionais” da terra, mantendo as famílias “nos espaços que historicamente ocupam” fomentando a partilha de valor com elas.