A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, defendeu hoje a atribuição de apoios aos agricultores que apostem em boas práticas e preservem os ecossistemas para que o setor “não sirva apenas para as necessidades do presente”.
“É importante que, cada vez mais, o Estado e a União Europeia possam pagar e incentivar os serviços de ecossistemas”, pois os que promovem boas práticas “são aliados no combate à crise climática e na preservação dos valores naturais”, afirmou.
Sousa Real falava à agência Lusa após um encontro com Leonor Paiva, da Associação Margem Esquerda do Guadiana, realizado na ‘fronteira’ de uma área de montado com uma de olival, perto de Serpa, no distrito de Beja.
Depois de ouvir preocupações com a defesa do montado e do olival tradicional, a líder do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) considerou “absolutamente urgente” premiar os agricultores que preservam os ecossistemas, até por “uma questão de justiça”.
“Não podemos ter a competitividade do olival intensivo ao lado do modo tradicional”, vincou.
Nesse sentido, argumentou a também deputada única do PAN, é preciso que “o Estado, através do Fundo Ambiental ou da Política Agrícola Comum (PAC), pague pelos serviços de ecossistemas”.
“O conhecimento que estes agricultores têm de boas práticas, de como se preserva o solo, de como se podem aplicar produtos que não sejam nocivos para o meio ambiente e a preservação das árvores e dos métodos têm que ser valorizados”, vincou.
Sustentando que o país deve ter “uma agricultura que não sirva apenas as necessidades do presente, mas das gerações futuras”, Inês Sousa Real exigiu que “se comece a atuar já”, e prometeu apresentar “um conjunto de iniciativas” na Assembleia da República.
“Mas é importante que o Ministério do Ambiente e o da Agricultura passem a ter uma sinergia, que até aqui tem sido inexistente”, sublinhou, salientando que as duas tutelas “não podem continuar de costas voltadas”.
Num dia dedicado ao olival no Alentejo, a porta-voz do PAN alertou para os “impactos graves” dos sistemas intensivo e superintensivo, nomeadamente no ambiente, na quantidade e qualidade da água e na saúde das populações, entre outros.
“Tem que haver um esforço para garantirmos o afastamento das populações e a permanência dos corredores ecológicos, dos serviços de ecossistemas e, acima de tudo, das árvores centenárias”, advertiu.
Segundo Inês Sousa Real, o Alentejo tem, atualmente, uma “área demasiado elevada” de olival intensivo e superintensivo, na ordem dos “50 mil hectares”, o que corresponde a “uma área equivalente a 51 mil estádios de futebol”.
Antes deste encontro perto de Serpa, a parlamentar do PAN reuniu-se com o presidente e o vice-presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo, Luís Pita Ameixa e José Guerra, respetivamente, eleitos pelo PS.
Inês Sousa Real regressou depois ao concelho de Ferreira do Alentejo para se encontrar com elementos da Associação Ambiental Amigos das Fortes, que lutam contra a alegada poluição de uma fábrica de transformação de bagaço de azeitona localizada perto desta aldeia.
“Esta fábrica está a pôr em causa a saúde e a qualidade de vida” da população da aldeia de Fortes, com “cheiros nauseabundos e gordura que embrenha nas próprias casas”, disse, reclamando um “acompanhamento mais periódico” das emissões desta unidade por parte das autoridades.