Os três candidatos já anunciados à Câmara de Pedrógão Grande concordam com a necessidade de maior intervenção na floresta, mas se PSD e CDS avaliam negativamente a resposta do Governo, o PS considera que foi feito “um grande esforço”.
Para as autárquicas de setembro ou outubro, António José Lopes encabeça a lista do PSD, Pedro Fernandes a do CDS-PP, e Nelson Fernandes, atual vice-presidente, a do PS, numas eleições em que o atual presidente da Câmara, Valdemar Alves (eleito em 2017 na lista socialista), não concorre.
Questionados pela agência Lusa a propósito dos quatro anos decorridos após os incêndios que mataram 66 pessoas, os candidatos defendem uma maior intervenção na área florestal, mas divergem quer no diagnóstico do que foi feito após 17 de junho de 2017, quer naquilo que a autarquia pode fazer, com os candidatos do PSD e do CDS-PP a reclamarem uma postura mais proativa do município na mudança do atual paradigma.
Para Nelson Fernandes, nos últimos quatro anos foi feito “uma grande esforço por parte das entidades responsáveis”. O autarca constatou um “empenho” quer do Governo quer do Presidente da República na “tentativa de encontrar soluções para as pessoas e empresas que ficaram sem nada”.
No entanto, o candidato socialista notou que a recuperação “de algumas áreas ardidas também está a acontecer, mas, neste caso, lentamente e sobretudo com muito esforço dos privados, alguns com elevados investimentos e sem retorno imediato”.
O atual vice-presidente do executivo considera que a autarquia deve “reivindicar junto do Estado um investimento justo e adequado” e espera que o Plano de Resiliência e Recuperação (PRR) possa dar resposta a alguns dos problemas, querendo também apostar na sensibilização, formação e treino das pessoas no contexto de incêndio.
Já o candidato do PSD considera que deveria ter havido um maior acompanhamento de toda a resposta pós-incêndio por parte do Governo, de forma que este estivesse “mais consciente dos problemas reais das pessoas”.
António José Lopes afirmou que é preciso uma autarquia “mais proativa na gestão florestal”, com trabalho em parceria com outras instituições, para avançar “com a reflorestação de espécies autóctones”.
O candidato social-democrata pretende também criar uma aplicação que guie as pessoas “para portos seguros”, no caso de um incêndio, e defende um investimento na gestão e ordenamento do território, com a autarquia a assumir um papel de liderança na utilização de instrumentos que possam levar à agregação de terrenos, num território marcado pelo minifúndio.
Também o candidato do CDS, Pedro Fernandes, considera que o Governo deveria ter tido um maior acompanhamento e que a própria autarquia deveria ter “tido mais cuidado na reflorestação e nas próprias limpezas dos terrenos ao longo destes quatro anos”.
“Foi prometido mais intervenção, mais planeamento e mais ordenamento e isso não aconteceu. A Câmara deveria ter mais pulso para exigir mais ao Governo”, frisou, considerando que é necessário apostar na floresta, seja numa vertente de prevenção, seja na melhoria do próprio setor económico.
O candidato defende a criação de um gabinete de apoio e de incentivos para modernizar e internacionalizar o setor florestal e que seja criado um centro de investigação que permita apoiar não apenas os proprietários, mas também a autarquia, propondo também uma aposta na plantação de espécies autóctones para funcionarem como barreiras à passagem de incêndios.
O incêndio que deflagrou ao início da tarde de 17 de junho de 2017, há quatro anos, no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, provocou a morte a 66 pessoas e 253 feridos, sete dos quais graves, e destruiu cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
Pedrógão Grande: Quatro anos depois, a paisagem está em “colapso”
Pedrógão Grande: Há quem tente mudar a floresta, mas falta apoio
Pedrógão Grande: Pouco mudou em quatro anos – Associação de Vítimas