O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), centro de Moçambique, pretende instalar uma unidade de processamento de café na serra para servir pequenos produtores e camponeses, projeto que conta com o apoio da Noruega, foi hoje anunciado.
Em comunicado conjunto, o PNG e Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo da Noruega explicam que serão canalizados dois milhões de coroas (168 mil euros) para este projeto: “A iniciativa irá acrescentar valor à produção local, aumentar os rendimentos dos beneficiários e dinamizar a economia local”.
Envolveu a assinatura, em 01 de novembro, de uma adenda ao acordo de cooperação em curso entre o PNG e o Governo da Noruega, para fomentar o “incremento da produção do Café da Gorongosa”.
“’A Nossa Gorongosa’ é já uma marca internacional e colocado em prateleiras de supermercados da Europa, América e não só”, sublinha o comunicado.
A população do PNG tem vindo a cortar anualmente, segundo dados oficiais, mais de 100 hectares de floresta tropical e a plantação e produção de café é vista como uma atividade alternativa para estas famílias. Um total de 5.989 hectares de floresta tropical desapareceu em 44 anos na Serra da Gorongosa porque a terra é necessária para cultivar alimentos e produtos que se vendam no mercado, sendo as árvores utilizadas para fazer carvão, o principal e mais acessível combustível.
O Parque Nacional da Gorongosa quer inverter este cenário com a cultura de café, a mesma planta com a qual quer acautelar um futuro de clima incerto e guardar as águas das chuvas na serra, em vez de escorrerem como força de erosão pela terra nua.
A experiência ambiental e social de plantar café começou há nove anos.
A área plantada pelo parque e nas hortas de 800 famílias superou em 2022 pela primeira vez 240 hectares e prevê-se que continue a crescer, rendendo mais de 30 toneladas de café seco por temporada.
A Gorongosa foi o primeiro parque nacional de Portugal em 1960, na época colonial, dilacerado entre 1977 e 1992 pela guerra civil que se seguiu à independência de Moçambique.
Em 2008, a fundação do milionário e filantropo norte-americano Greg Carr assinou com o Governo moçambicano um acordo de gestão do parque por 20 anos – prolongado-o por outros 25 anos em 2018 – que tem levado à sua renovação em várias frentes, com projetos sociais aliados à conservação e com o número de animais a crescer de 10.000 para mais de 102.000.