As incertezas que o setor enfrenta, com a seca e a escalada de preços agravada pela guerra, vão estar em foco entre 21 e 15 de abril, na grande feira do Sul. O certame está de volta depois de uma interrupção por causa da pandemia.
O impacto da guerra da Ucrânia no setor da agricultura está a preocupar os agricultores alentejanos, a braços com uma subida brutal dos custos de produção.
A inquietação é manifestada à Renascença pelo presidente da ACOS, a Associação de Agricultores do Sul, no arranque de mais uma edição da Ovibeja, a grande feira do Sul, interrompida durante a pandemia.
Muitos produtores já questionam se vale ou não a pena prosseguir com a atividade. São muitas incertezas para enfrentar, segundo Rui Garrido, que exemplifica com a campanha do milho que decorre por esta altura.
“Por exemplo, o fertilizante azotado, que se utiliza durante a campanha do milho, custava, o ano passado, na ordem dos 300 euros a tonelada. Neste momento, custa à volta de 1.050 euros”, refere.
“Isto leva”, lamenta, “a que os agricultores ponham algumas reticências em fazer agricultura, pois os fatores de produção não param de aumentar e vamos ver se conseguimos vender esses produtos de forma a compensar esses aumentos”.
A Ucrânia, refira-se, foi o principal fornecedor de milho a Portugal em 2021, sendo a origem de mais de um terço do milho importado, enquanto da Rússia as principais importações foram os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto, óleos produtos), segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O ano passado, o milho importado da Ucrânia representou 34,7% das importações nacionais deste produto. Aliás, ainda segundo o INE, entre 2017 e 2021, a Ucrânia foi sempre o principal fornecedor de milho, representando, em média, 34,4% das importações nacionais deste produto.
Devido sobretudo ao milho, das importações da Ucrânia, os produtos agrícolas foram o grupo mais representativo (peso médio de 73,5% face ao total). A seguir ao milho, o segundo produto com maior relevância no conjunto dos produtos agrícolas importados da Ucrânia foi o óleo de girassol em bruto, representando a Ucrânia 51,4% das importações portuguesas deste produto.
É num quadro enevoado que arranca, na capital do baixo […]