Na Universidade de Trás os Montes (UTAD), os veterinários do Centro de Recuperação de Animais Selvagens têm como missão cuidar de águas, lobos, texugos, abutres e de toda a bicharada que precise de socorro: a ternura como profissão.
É uma emoção, um ato solene, devolver um animal à natureza. Esta comitiva inclui médicos veterinários e alunas do quarto ano do curso de medicina veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A águia está envolta num pano, apenas com as grandes patas de fora. Seguram-na com cuidado e está assim para ficar mais tranquila enquanto os responsáveis do Centro de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS) avaliam o melhor local para a libertar, dentro do campus universitário. Decidem-se por uma encosta aberta com a serra do Alvão no horizonte. É então que a destapam, mostrando a cabeça e um olhar assustado que se vai amenizando. Há uma agitação nos momentos que precedem o primeiro voo da rapina com um casaco de penas novo, implantado por aquela equipa que agora se prepara para a soltar. Cabe a uma das alunas, Maria, devolver a águia-calçada aos céus. Quando as mãos se soltam, a ave não hesita. E voa, voa.
Todos a observam no ar. “Apanhou a corrente quente, já não bate as asas”, diz um dos veterinários de nariz no ar. A águia voa em círculos cada vez mais largos. A dado momento sacode-se. “Está a experimentar as penas novas!”, diz com entusiasmo Filipe Silva, diretor do Hospital Veterinário da UTAD, a quem tratam por Professor. […]