Em matéria de prédios rurais, “perdido” assume um duplo sentido: literal e metafórico. Em boa verdade, não podemos esperar que o mundo rural se desenvolva se uma percentagem considerável do país não tem nem dono nem rumo.
O facto de não conhecermos os limites e os proprietários de parte dos prédios rurais que constituem o nosso território é um problema há muito conhecido. Duas consequências objectivamente preocupantes resultam desse problema.
Por um lado, os terrenos abandonados acentuam a vulnerabilidade, deflagração e propagação de incêndios. Por outro, os recursos naturais que o país possui não são aproveitados ou potenciados. Pela valorização do que é nosso e pela consideração para com aqueles que habitam as nossas aldeias e vilas, é essencial tomar medidas: primeiramente, fazer um cadastro que nos permita saber como é dividido e a quem pertence o território e, por fim, estimular a exploração do mesmo.
A forma como as pessoas se foram distribuindo ao longo do país esteve, desde sempre, intimamente ligada com as oportunidades aí oferecidas. Antes da forte industrialização do século passado – e do consequente êxodo rural – os portugueses estavam bastante mais distribuídos. Por essa altura as aldeias e vilas eram massivamente habitadas por aqueles que laboravam as terras que as circundavam.
A fuga de uma parte considerável da população portuguesa para os grandes centros urbanos – culminando no severo despovoamento de vilas e aldeias – deveu-se essencialmente ao facto de a agricultura e actividades do sector primário deixarem de ser atractivas como foram outrora. Os dados confirmam-no: na década de 50 cerca de metade da população activa vivia da agricultura. Hoje apenas 4% dos empregados se ocupa desta actividade.
Desde então o alheamento aos prédios rurais foi crescente. À parte dos prédios explorados […]