Há agora sete albufeiras com “sérias restrições” ao consumo. Temperaturas elevadas e falta de precipitação dos próximos meses podem agravar a situação.
O pouco que choveu durante o Inverno e o pouco que se prevê que chova nestes próximos dois meses de Verão tornam quase certo que a situação nas barragens se agrave. Existem sete barragens com “sérias restrições” ao consumo e grande parte das albufeiras a nível nacional está numa situação “mais desfavorável” do que em anos anteriores.
Não é um problema que vem de agora. No início do ano, foram semanas e semanas sem chover: 2022 começou com o mês de Janeiro a ser considerado o mais seco desde 1931 e com Fevereiro a ser o terceiro mais seco desde o mesmo ano. De Outubro até agora, só em Março é que se registaram valores de precipitação acima do normal, sobretudo na região Sul. As chuvas de Março ajudaram a aligeirar a situação de seca extrema que se vivia em pleno Inverno, mas o problema da seca manteve-se. A falta de precipitação fez-se sentir nas barragens e o Governo decidiu, em Fevereiro, suspender a actividade hidroeléctrica nas barragens que enfrentavam situações mais críticas.
Como choveu metade do que era previsto no último Inverno, “esta condição não permitiu que ocorresse a normal reposição dos níveis de água nas barragens” durante os meses de Inverno, refere Ricardo Deus, chefe da divisão de clima e alterações climáticas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “A precipitação neste ano hidrológico não foi suficiente”, argumenta. “Se temos um reservatório que tem um volume de água e só se retira água e não há reposição [pluvial], é normal que diminua o volume de água disponível”, simplifica Ricardo Deus.
Por agora, há sete albufeiras que têm “sérias restrições”. A da Bravura e de Campilhas estão sem utilização agrícola; a de Arcossó e Vale Madeiro têm “muitas restrições”, assim como as de Fonte Serne, Monte da Rocha e Santa Clara. Nas de Arcossó, Vale Madeiro, Santa Clara e Bravura está “assegurado o abastecimento público”. Segundo se disse na reunião da Comissão Permanente, de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (a 21 de Junho), a barragem da Bravura está somente dedicada a abastecimento público e na barragem de Santa Clara, no rio Mira, ainda é possível ter água para rega. A produção de energia está ainda condicionada nas albufeiras do Alto Lindoso, Alto Rabagão, Guilhofrei, Cabril, Castelo de Bode e agora também em Vilar-Tabuaço.
“Sobre novas medidas – a haver –, serão anunciadas na nova reunião interministerial da seca, a realizar em Julho”, disse ao PÚBLICO fonte do gabinete de comunicação do Ministério […]