Com já mais de metade da nossa vindima no Douro concluída, tudo aponta para um ano excecional nas nossas vinhas. Após uma sucessão de ciclos da vinha desafiantes, caracterizados por escassa precipitação e ondas de calor prolongadas em toda a região, este ano vitícola apresentou níveis de chuva acumulada dentro da média, bem como temperaturas próximas (ou até um pouco abaixo) do normal. Assim, a floração e o pintor tiveram início em datas mais próximas do que é considerado normal no Douro: dia 6 de maio para aquela e entre 8 e 15 de julho para este, na Quinta do Bomfim, bem no coração da região.
Enquanto recordes climáticos globais foram batidos este ano (com o mês de abril mais quente alguma vez registado – 1,58°C acima da média pré-industrial), o Douro teve condições mais moderadas, em linha com a média dos 30 anos. Este cenário permitiu maturações mais bem espaçadas com graduações de açúcar e níveis de acidez equilibrados, sem os excessos recorrentes de anos recentes. Embora não tenha chovido em agosto, as nossas vinhas apresentam-se sãs, com avanços bem faseados nas maturações, graças ao sustento proporcionado pelas boas reservas de água, resultantes da generosa precipitação da primeira metade do ciclo.
A nossa vindima no Douro arrancou no dia 22 de agosto com o Viosinho nas nossas propriedades em cotas mais elevadas. Demos início à vindima das castas tintas mais temporãs – Sousão, Alicante Bouschet, Tinta Barroca, Tinta Roriz e mistura de castas – a partir de 9 de setembro. As condições climatéricas durante a primeira metade de setembro foram perfeitas, proporcionando maturações graduais, bem-ritmadas. Deste modo, a vindima em curso tem estado mais em linha com vindimas ‘à antiga’ no Douro, com um arranque mais tardio do que tem sido o caso em anos recentes, uma sequência clássica na cronologia do corte das várias castas e temperaturas moderadas com noites frescas a conferir excelente evolução fenólica, cor e acidez. As uvas têm chegado às nossas adegas com temperaturas ideais – entre os 20 e os 22°C – não necessitando de aquecimento ou arrefecimento dos mostos durante a fermentação – algo que não víamos há alguns anos. As produções têm andado perto da média ou um pouco abaixo.
O barómetro chave das nossas vindimas no Douro define-se pela qualidade da Touriga Nacional e Touriga Franca. Começámos a vindimar a Touriga Nacional em 16 de setembro com resultados muitíssimo promissores. Os Baumé têm estado perto da perfeição, entre 13° e 14°, com acidez equilibrada e excelente cor e aromas. Estamos agora a receber nas nossas adegas as primeiras parcelas de Touriga Franca e, caso as previsões meteorológicas se mantenham, estamos muito bem colocados para um grande ano.
Fonte: Symington