A confederação espanhola Ecologistas en Acción denunciou hoje a morte de mais dois linces ibéricos na zona de Doñana, na estrada A-43 que liga as localidades de Almonte e Matalascañas, no município de Almonte, em Huelva.
O representante da associação Ecologistas en Acción no Conselho de Participação de Doñana, Juan Romero, disse que a primeira destas mortes foi registada a 31 de julho e a segunda na quinta-feira, adiantando que ainda aguarda por informações sobre o sexo e a idade dos animais.
De acordo com dados desta associação, em 2020 morreram 12 linces atropelados em Doñana, em 2021 pelo menos seis e em 2022 oito. Em abril deste ano, a associação já tinha contabilizado quatro animais mortos, vítimas de atropelamento.
Juan Romero pediu ao presidente da Junta de Andaluzia, Juanma Moreno, “que seja mais transparente e que implemente uma série de medidas mais enérgicas e eficazes nas estradas da região de Doñana, porque as que existem não estão a impedir o atropelamento” de linces.
Entre as medidas estão a colocação de ecrãs luminosos e a sinalização com os limites de velocidade, que não está a ser controlada nem respeitada. Defendeu também a colocação de radares nos pontos negros das estradas, considerando ser esta uma medida barata e eficaz.
“Recuperar linces criando-os em cativeiro, reintroduzindo-os em novos territórios sem corrigir as causas que levaram ao seu quase desaparecimento é absurdo, hipócrita e muito contraditório, além de frustrar os esforços e as esperanças de muitas pessoas”, concluiu.
O censo sobre o lince-ibérico feito no ano passado indica a existência de mais de 1.600 exemplares na Península Ibérica, a grande maioria (84,3%) em Espanha, tendo Portugal 261 indivíduos (15,7%).
O lince-ibérico chegou a ser considerado a espécie de felino mais ameaçada do mundo, sendo ainda uma das mais ameaçadas, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que salienta contudo que a população “está a recuperar com a ajuda dos esforços de conservação de ambos os lados da fronteira”.