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– 27-10-2002 |
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M�todo agr�cola tradicional vale prémio internacional a portugu�sA teimosia em manter vivo um processo tradicional de agricultura valeu o prémio "Slow Food 2002" ao portugu�s Fernando Boucinha Alves, que passou a ser membro honor�rio do j�ri. "Tratou-se de um capricho a decisão de manter os campos de masseiras", afirmou � agência Lusa Maria Alves, mulher do premiado, na impossibilidade de Fernando Alves manter uma conversa telef�nica por raz�es de Saúde. Esta distin��o agora atribu�da na III edição dos prémios "Slow Food" visou premiar Fernando Boucinha Alves pela decisão em continuar a manter o m�todo agr�cola conhecido por masseiras e que se encontra em vias de extin��o. Inventado no s�culo XVIII pelos monges beneditinos da Abadia de Tib�es e muito utilizado na costa atl�ntica nos concelhos da P�voa, Ap�lia e Esposende, as masseiras são uma forma engenhosa e amiga do ambiente de tornar zonas arenosas em terrenos f�rteis. A idade de ouro do seu desenvolvimento durou desde os �ltimos dec�nios do s�culo XIX até depois da I Guerra Mundial quando constitu�ram uma forma de dar resposta � mis�ria prevalecente. Uma masseira � um rect�ngulo cavado na areia que, por ficar num nível. inferior relativamente ao terreno adjacente, apresenta uma temperatura mais baixa e um maior �ndice de humidade relativa. Em tr�s lados do rect�ngulo eram plantadas videiras que, além de proporcionarem uvas e vinho, protegiam a masseira da invasão pela areia. Instalava-se de seguida um sistema de rega e drenagem com a �gua a chegar � masseira em condi��es perfeitas dado que a areia por onde passava garantia a remo��o do sal. Na masseira era ent�o colocado sarga�o e uma mistura de terra e areia, posto o que era poss�vel plantar. "Temos um campo de masseiras com cerca de 1.500 metros quadrados, onde plantamos batata, cebola, repolho, cenouras. Podemos plantar tudo o que quisermos", disse Maria Alves � agência Lusa, adiantando que aquele campo foi herdado dos seus sogros. Maria Alves disse ainda que das vinhas que protegem as masseiras, conseguiram recolher uvas suficientes para produzir duas pipas de vinho, que utilizam para consumo pr�prio. Mas este m�todo tradicional agr�cola que valeu o reconhecimento internacional a Fernando Boucinha Alves, encontra-se em vias de extin��o devido ao interesse dos propriet�rios dos terrenos em fazerem dinheiro rapidamente, nomeadamente com a venda da areia para a constru��o civil. Na nota existente na p�gina Web da "Slow Food" respeitante ao prémio atribuído a Fernando Alves, pode ler-se que na sequ�ncia da evolu��o pol�tica, econ�mica e social que se registou em Portugal desde o 25 de Abril de 1974, m�todos centen�rios foram considerados antigos e não rent�veis pelo que foram abandonados sem qualquer considera��o pelo meio ambiente, pela paisagem e igualmente pela gastronomia. "Como a Slow Food tem afirmado repetidamente, o abandono das tradi��es abre a porta � normaliza��o da cultura e dos sabores", pode ler-se. Fernando Alves e fam�lia (o filho regressa domingo de Turim onde foi assistir � entrega dos prémios) sempre se mantiveram fi�is � cultura em masseiras, embora disponham de outros terrenos que exploram de forma mais convencional. E recusa-se a abandonar este m�todo porque as masseiras proporcionam-lhe tr�s colheitas por ano, sem que seja necess�rio utilizar qualquer adubo. "Os vegetais cultivados desta forma crescem num ambiente saud�vel e quando são recolhidos t�m uma apar�ncia, cheiro e sabor excepcionais", afirma Fernando Alves. A raz�o de ser da atribui��o deste prémio, de acordo com o j�ri, foi precisamente a recusa de Fernando Alves em submeter-se a m�todos agr�colas que não partilha, defendendo e praticando, ao longo de mais de 50 anos, um m�todo agr�cola tradicional capaz de reunir o respeito pela paisagem, a protec��o do meio ambiente e as qualidades organol�pticas dos produtos. A "Slow Food" surgiu em 1986 na cidade de Barolo como uma associa��o italiana e em 1989 internacionalizou-se com sede em Paris. No seu manifesto, a organiza��o define-se como um movimento que pretende preservar o direito ao prazer, que conta hoje com mais de 60 mil associados em todo o mundo. A "Slow Food", que surge em oposi��o � "Fast Food" ou alimenta��o da qual não se retira qualquer prazer, � ainda uma casa editora especializada no turismo e na enogastronomia que apresenta em catélogo cerca de 40 t�tulos e uma revista. A edição 2002 dos prémios "Slow Food" distinguiu igualmente sete pessoas singulares e colectivas, cinco das quais receberam ainda uma men��o especial do j�ri.
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