A Comissão Europeia opõe-se à vontade “estúpida” de alguns de “atentar” contra as políticas de coesão e Política Agrícola Comum (PAC) no quadro das negociações sobre o orçamento plurianual da União Europeia, disse esta terça-feira Jean-Claude Juncker.
Num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, sobre o futuro da Europa, o presidente do executivo comunitário abordou a questão do quadro financeiro da União pós-2020 para defender que a Europa deve dotar-se de um orçamento à medida das “ambições e objetivos que proclama”, rejeitando cortes drásticos em áreas fundamentais.
“Será preciso reduzir os números da política de coesão e da PAC, mas sou contra esta vontade estúpida, passageira e irrefletida que consiste em organizar um atentado contra as políticas de coesão e agrícola comum. Isso não vai funcionar e a Comissão não irá seguir essa via”, asseverou.
Será preciso reduzir os números da política de coesão e da PAC, mas sou contra esta vontade estúpida, passageira e irrefletida que consiste em organizar um atentado contra as políticas de coesão e agrícola comum. Isso não vai funcionar e a Comissão não irá seguir essa via.
Apontando que não defende aumentos sem limites no orçamento da União e reconhecendo que é necessário proceder a poupanças inteligentes — até porque a União perderá um dos seus maiores contribuintes, o Reino Unido –, Juncker defendeu, todavia, que é necessário que, “ao longo dos próximos 11 meses, se chegue a acordo sobre os objetivos da UE” antes de se abordar os números.
Para o presidente da Comissão Europeia, é preciso que se discuta “primeiro o conteúdo e depois os números, não o inverso”. “Uns dizem que não querem pagar mais, outros dizem que não querem receber menos. É uma equação que não funcionará. Será necessário fazer poupanças em várias áreas, mas poupanças que façam sentido”, disse, reforçando que, nos domínicos da política de coesão e da PAC, “onde puderem ser feitas poupanças inteligentes, a Comissão apresentará propostas nesse sentido”.
Juncker intervinha num debate sobre o futuro da Europa com a participação do primeiro-ministro da Croácia, Andrej Plenkovic, o segundo de um ciclo de debates no Parlamento Europeu com chefes de Estado e de Governo da UE, iniciado em janeiro com o chefe de Governo irlandês, Leo Varadkar, e que prosseguirá em 14 de março com a presença em Estrasburgo do primeiro-ministro português, António Costa.
Na semana passada, por ocasião de uma deslocação a Bruxelas, Costa voltou a fazer a defesa da política de coesão, defendendo que esta “é a política europeia que mais tem contribuído para a unidade na diversidade europeia” e “grande parte do sucesso da União Europeia deve-se à sua política de coesão”.
Considerando-a “uma marca identitária da União Europeia, cujos objetivos permanecem hoje tão centrais como quando foi criada”, António Costa defendeu que “a coesão não pode nem deve ser a variável de ajustamento do próximo Quadro Financeiro Plurianual”, mas sim “dispor de uma maior flexibilidade na sua definição e implementação, combinando a sua abordagem territorializada com um maior enfoque nos seus principais beneficiários: as pessoas”.