A 300 km de Lisboa, ouvi a missa de abertura da JMJ através da rádio na cabine do trator, saltando entre campos de milho a vigiar e mudar os sistemas de rega. Saí do trator nos primeiros acordes, voltei durante uma das inconfundíveis leituras de São Paulo. São Paulo foi um enorme evangelizador do mundo conhecido no seu tempo e também autor de alguns dos mais belos textos do Novo Testamento. Até certo ponto, é muitas vezes considerado ao nível de S. Pedro. Mas São Paulo não foi um dos 12 apóstolos, nem sempre foi “santo” e nem sempre foi Paulo.
Saulo era um fervoroso Judeu que ia a caminho de Damasco para prender os cristãos que encontrasse e já perto da cidade vendo uma luz e ouvindo uma voz “Saulo, porque me persegues?”, converteu-se e mudou de nome.
Tenho lido por estes dias textos marcantes de gente impressionada com o testemunho dos jovens na JMJ. Gente que não é crente ou que está muito afastada da vida da igreja. Será a Jornada mundial da juventude em Lisboa a sua estrada de Damasco? Saibamos ter a porta aberta para esta gente e não gastemos demasiado latim a responder aos que insistem em criticar de fora ou a discutir dentro da igreja, como já fizeram no passado os seguidores de São Pedro e São Paulo.
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.