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– 31-10-2002 |
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Investiga��o / Saúde : Atalhar a dor passa por conhecer melhor a CanabisO estudo dos efeitos terap�uticos da canabis absorve investimentos de laboratérios em todo o mundo, sendo de prever que faltem poucos anos para que o combate � dor passe pela utiliza��o desta planta controversa. A considera��o � de Jorge Gon�alves, da Faculdade de Farm�cia da Universidade do Porto, que esclareceu, contudo, que isso não significa que os efeitos terap�uticos sejam conseguidos "pondo os doentes a fumar canabis". At� porque a quantidade de subst�ncias activas presentes na planta dependem de um conjunto de vari�veis, incluindo o local onde cresce, as propriedades do solo onde foi semeada e a altura em que � colhida. "Uma planta � um laboratério que produz os seus compostos em função da matéria prima que lhe � oferecida e das condi��es ambientais", explicou Jorge Gon�alves, em declarações � Agência Lusa. "Assim sendo, não h� garantia sobre o teor de subst�ncias que um charro cont�m ou a quantidade que está a ser inalada, podendo mesmo registarem-se efeitos antagúnicos", explicou o investigador do Centro de Estudos de Qu�mica Org�nica Fitoqu�mica e Farmacologia. Apesar disso, o Canad� liberalizou o consumo de canabis para fins medicinais, uma ac��o sem precedentes em todo o mundo e que se destina a doentes com sida, cancro, esclerose m�ltipla, epilepsia e artrite. As potencialidades terap�uticas da canabis, em particular no al�vio da dor, come�aram a ser alvo de investiga��o em v�rios laboratérios de todo o mundo na d�cada de 90. E apesar da investiga��o estar ainda numa fase embrion�ria, Jorge Gon�alves tem uma certeza: a canabis, planta cujo consumo � ilegal em Portugal, poder� vir a ser uma via complementar no tratamento da dor, um mercado onde ainda escasseiam compostos eficazes. "As necessidades em f�rmacos analg�sicos estáo longe de estar satisfeitas e h� tipos de dor que ainda não são controlados eficazmente com doses toler�veis de opi�ceos (compostos extra�dos do �pio)", referiu, indicando que os canabin�ides poder�o representar um meio importante de inibir a dor através de um mecanismo diferente. O tetra-hidrocanabinol, o canabidiol e o canabigerol são alguns dos compostos qu�micos presentes de forma natural na planta que apresentam propriedades farmacol�gicas. "Em termos moleculares, os canabin�ides actuam em receptores pr�prios (prote�nas com as quais t�m uma elevada afinidade) existentes na membrana de muitas c�lulas, quer no sistema nervoso central quer a nível. perif�rico", explicou, acrescentando que estes receptores, que existem em todas as pessoas mesmo nas que não consomem canabis, desempenham funções fisiol�gicas. Os principais efeitos farmacol�gicos exercidos por essas subst�ncias são inibi��o da dor (efeito analg�sico), redu��o da ansiedade, inibi��o das n�useas e v�mitos (efeito anti-em�tico). "Outros efeitos t�m sido Também propostos embora não estejam suficientemente documentados, nomeadamente em casos de glaucoma, como relaxante muscular, no al�vio da asma ou enxaquecas e como anti-inflamatério, anti-cancer�geno e inibidor da degenera��o cerebral", enumerou. Actualmente existem j� alguns medicamentos contendo f�rmacos extra�dos da planta ou produzidos em laboratério (que podem ser altera��es de compostos extra�dos ou integralmente sintetizados) com a capacidade de actuarem sobre os receptores dos canabin�ides. No entanto, "em termos de pesquisa, as apostas estáo ao nível. da caracteriza��o dos receptores onde actuam os canabin�ides e na s�ntese de novos f�rmacos". "O conhecimento dos receptores dos canabin�ides vai permitir conhecer os f�rmacos que activam preferencialmente uns sem influenciar muito outros, o que vai permitir, em termos pr�ticos, obter medicamentos analg�sicos que não repercutam altera��es de comportamento", disse. Um avanão que representar� novas formas de abordagem da dor, das n�useas e v�mitos, sintomas que acompanham doen�as como o cancro e a sida. No entanto, advertiu, uma eventual utiliza��o da canabis para fins terap�uticos nada tem a ver com a legaliza��o da marijuana, tal como a utiliza��o da morfina não levou � legaliza��o do �pio. "O conhecimento dos efeitos da canabis vai, isso sim, permitir conhecer alguns compostos farmacologicamente activos e explorar esta via para combater o sofrimento de muitas pessoas, algumas em situa��o desesperada e sem grandes alternativas terap�uticas", sublinhou o investigador. Intrinsecamente ligada ao aumento da esperan�a de vida nas sociedades modernas, e a doen�as como o cancro e a sida, a dor ganhou nos �ltimos anos o estatuto de problema de Saúde pública, existindo j� uma Associa��o Portuguesa para o Estudo da Dor (APED). além disso, as v�timas de doen�a cr�nica em fase terminal t�m j� consagrado o direito ao al�vio da sua dor, incluindo para tal que tenham acesso � prescri��o e utiliza��o, recomendada pela Organiza��o Mundial da Saúde, de analg�sicos opi�ides. "No entanto, os analg�sicos opi�ides colocam o problema de causarem forte depend�ncia, depressão respiratéria e efeitos perif�ricos. Por exemplo inibi��o da motilidade intestinal", disse Jorge Gon�alves. "Se tivermos outras op��es de modular a dor podemos combinar v�rios tipos de analg�sicos, conseguindo o mesmo ou melhor efeito com menos reac��es adversas", explicou.
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