O ministro da Administração Interna pediu hoje que se mantenha “toda a atenção e todas as cautelas” nos próximos dias, face ao risco elevado de incêndio, referindo que a prioridade neste momento é consolidar o rescaldo do fogo de Odemira.
“Pese embora estas melhorias das últimas horas, o quadro é muito exigente e não podemos relaxar”, disse o ministro José Luís Carneiro, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), onde ao final da tarde esteve, com a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, para um balanço dos incêndios dos últimos dias e um “Apelo acrescido às atitudes e comportamentos dos cidadãos para os tempos que se avizinham”, pedindo responsabilidade.
Referindo que apesar dos níveis de humidade terem melhorado nos últimos dias, sobretudo na reposição noturna, o que contribuiu para uma evolução favorável no combate aos incêndios, José Luís Carneiro sublinhou que as temperaturas previstas para os próximos dias, nomeadamente a 10 e 11 de agosto, com temperaturas máximas entre os 38º e os 42º, e noites tropicais, ventos na ordem dos 40 quilómetros por hora, levam a que dois terços do país esteja em risco elevado de incêndio.
“Isto significa que é necessário manter toda a atenção, todas as cautelas, e que se mantêm especialmente válidas as recomendações para todo o cuidado no uso do fogo e para que se evite uso de máquinas agrícolas e florestais em locais de especial risco de incêndio”, disse o ministro, que referiu ainda no decurso da conferência de imprensa que o verão vai ser caracterizado por mudanças abruptas de temperatura e ventos com relativa intensidade, antevendo que o país vá ainda “viver momentos difíceis”.
Sobre o fogo de Odemira, sublinhou o facto de não haver vítimas mortais e destacou que na segunda-feira foram consumidos 1.200 hectares numa hora, tendo o incêndio progredido dois quilómetros por hora.
“Isto mostra a intensidade, a violência, destes incêndios extremos que estamos a viver. Manter-se-á o esforço de consolidação do trabalho de rescaldo. Manteremos nos próximos dias mais de mil operacionais nomeadamente para debelar e consolidar os esforços de rescaldo deste incêndio que lavrou nos últimos dias em Odemira”.
Segundo o ministro, mantêm-se 1.015 operacionais no terreno, 315 veículos e 13 meios aéreos para a fase de rescaldo que “exige ainda muito trabalho, muito esforço”, decorrendo ao longo de uma linha de 50 quilómetros.
Questionado sobre as alegações de origem criminosa nos fogos nos últimos dias, o ministro referiu que existem “várias investigações em curso”, numa cooperação da Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polícia Judiciária (PJ), sublinhando ainda que houve um reforço do patrulhamento conjunto entre a GNR e as Forças Armadas, em várias regiões do país onde o risco é considerado mais elevado.
Sobre os pedidos de apoio financeiro para os prejuízos do incêndio de Odemira, o ministro respondeu que a prioridade atual é a consolidação do rescaldo.
José Luís Carneiro voltou ainda a defender a decisão de não declarar a situação de alerta no país devido aos incêndios, mas insistiu que esta pode ser revista e que os riscos que a podem justificar estão em permanente avaliação.