Apoiantes do movimento ambientalista Climáximo cobriram hoje de manhã a fachada da sede da empresa de celulose Navigator, em Lisboa, com cartazes que responsabilizam as empresas de fabrico e comercialização de papel pelos incêndios em Portugal.
“Quem matou as pessoas em Albergaria-a-Velha?” e “Governos e CEO (de empresas) mataram três pessoas. Vais consentir ou vais resistir?” – são algumas das frases dos cartazes que o Climáximo colocou na fachada daquela empresa situada junto ao Saldanha, Lisboa.
Em comunicado, Leonor Canadas, porta-voz desta ação do Climáximo, afirma que “as mortes e a destruição destes incêndios que estão a devastar Portugal são uma consequência direta da crise climática e têm culpados claros: os governos e as empresas que há décadas sabiam que as suas ações de queima de combustíveis fósseis matariam pessoas, e decidem continuar a investir nesta indústria de morte”.
O Climáximo explica que a sede da Navigator foi escolhida pela sua “responsabilidade acrescida nas mortes, uma vez que não só é uma das empresas que mais emite gases com efeito de estufa – que aquecem a atmosfera e provocam a crise climática – mas é também “a grande arquiteta” da destruição da floresta autóctone portuguesa para a converter em eucaliptal inflamável para alimentar a indústria da celulose”.
O movimento declara-se “solidário com todas as vítimas dos fogos” e apela a que “Pedrógão Grande não seja repetido.
“Não podemos deixar que os culpados passem impunes. Os incêndios são a crise climática a atingir Portugal em tempo real. Os governos e as empresas sabiam há décadas que estas tragédias iam acontecer, mas decidiram ignorá-la e não proteger as pessoas, continuando a investir em combustíveis fósseis. Eles declararam guerra às pessoas e ao planeta”, afirma o Climáximo.
Pelo menos quatro pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo a região norte e centro do país, como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, distrito de Aveiro, destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas, como a A1, A25 e A13.
Hoje de manhã, cerca das 09:30, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou mais de 140 ocorrências, envolvendo mais de 5.000 operacionais, apoiados por 1.600 meios terrestres e 21 meios aéreos.
A Proteção Civil estima que arderam pelo menos 10 mil hectares na Área Metropolitana do Porto e na região de Aveiro.