A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) afirmou hoje que se as florestas não forem sustentáveis também não vão ser cuidadas, pedindo compensações para os produtores, de modo a que não haja abandono, evitando que aumente a probabilidade de incêndio.
“Há floresta que não é economicamente sustentável por si só. O que não é sustentável não é cuidado. Temos de pensar em que podemos ajudar para que a nossa floresta seja toda rentável para que possa ser cuidada”, defendeu o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, que falava aos jornalistas em Cáceres, Espanha.
O antigo embaixador, que falava à margem da quarta edição do Congresso Ibérico Agropecuário e Florestal (CIAF), sublinhou ainda a necessidade de serem atribuídas compensações aos produtores, fatores que podem ser determinantes para que as terras não fiquem ao abandono.
Sem coesão territorial, vamos ter cada vez mais incêndios, apontou.
Álvaro Mendonça e Moura disse ainda que o setor está, atualmente, a estudar o mercado do carbono, um dos pontos levados a debate no congresso em Cáceres, notando que o princípio tem de ser “quem polui paga, quem despolui tem de receber”.
Para a CAP, os agricultores têm um papel fundamental na retenção do carbono, que deve ser valorizado, de modo a que os beneficiários não sejam apenas as grandes empresas, que reduziram as suas emissões.
Sete pessoas morreram e cerca de 120 ficaram feridas nos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, já arderam perto de 76 mil hectares.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabilizava, às 19:30 de quarta-feira, 34 incêndios ativos, sendo que destes 18 assumiam uma dimensão “significativa” e mobilizavam mais meios. No combate a estes 18 incêndios estavam envolvidos 2.434 operacionais, apoiados por 734 meios terrestres e 23 meios aéreos.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.