A líder do BE acusou hoje o Governo de ter criado “um complô criminoso” para justificar os incêndios que lavraram no país e com isso “desviar as atenções” da falta de ordenamento e gestão do território.
“O Governo apressou-se a criar um complô criminoso para estes incêndios sobre os quais não tem nenhum tipo de facto comprovado, sem esperar por nenhuma investigação e nós percebemos o intuito dessa conspiração que foi criada pelo primeiro-ministro”, afirmou Mariana Mortágua.
Para a líder do BE, que hoje visitou duas aldeias em Águeda, no distrito de Aveiro, que ficaram cercadas pelos grandes incêndios, o Governo tentou “desviar as atenções do mais importante”, referindo-se à falta de ordenamento do território.
“Porque é que não há nenhum ordenamento do território? Porque há interesses económicos da industria da celulose, do papel e do eucalipto que não têm interesse que exista ordenamento do território”, notou.
Assumindo ter ficado impressionada com a força da população, mas também com o abandono das aldeias, Mariana Mortágua defendeu que “mais do que teorias da conspiração”, o Estado deve às populações afetadas pelos incêndios a garantia de que irá avançar com o ordenamento do território.
“Mais do que conversas não provadas, teorias da conspiração e atirar culpas para outro lado, é [preciso] encarar o futuro e perceber que é preciso criar faixas de proteção para estas pessoas e isso têm a ver com ordenamento do território”, referiu.
Como exemplo, a líder do BE destacou a necessidade de se “arrancar o eucaliptal e as acácias”, substituindo essas espécies por “árvores bombeiras”, que previnem as chamas de se alastrar.
“O que estas aldeias pedem é que à volta delas se criem mosaicos com este tipo de árvores para proteger o território e é preciso apoios para que isso possa acontecer, é preciso uma intervenção estatal e das autarquias”, defendeu.
Na aldeia da Cavadeira, onde os cerca de 17 moradores ficaram completamente cercados pelas chamas, Mariana Mortágua ouviu as histórias sobre as horas de “esquecimento puro” de uma aldeia que, desde 2022, faz parte do programa “Aldeias Seguras, Pessoas Seguras”.
“É segura, mas só pelos moradores”, lamentou uma das habitantes.