O ano de 2023 foi o primeiro de sempre sem vítimas mortais na sequência de incêndios florestais e de queimadas, destacou hoje a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).
“Acho que devemos celebrar 2023 porque é o primeiro ano em que temos zero vítimas fatais, quer civis, quer operacionais, quer mesmo pessoas que eram apanhadas a fazer queimas e queimadas”, disse aos jornalistas o presidente da AGIF, Tiago Oliveira.
Segundo os dados divulgados pela AGIF na conferência de imprensa de apresentação dos principais resultados do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais 2023, em 2018 morreram 13 pessoas, 12 das quais civis em resultado de queimadas, em 2019 morreram 10 devido a queimadas, em 2020 foram nove as vítimas mortais, seis das quais operacionais de combate.
Em 2021 o número de vítimas mortais caiu para seis (quatro devido a queimadas) e em 2022 para quatro.
O presidente da AGIF destacou também a diminuição dos incêndios nos meses de verão e a redução da área ardida, que foi de 34.419 hectares até 15 de outubro, o quarto valor mais reduzido desde 2000.
Tiago Oliveira explicou que as condições meteorológicas não foram tão severas como em 2018 e 2022, mas também houve uma maior “capacidade de gestão do dispositivo”.
Este ano deflagraram 7.635 incêndios rurais, menos 26% do que em 2022, que consumiram 34.419 hectares, uma redução de 69% em relação a 2022.
“Nos últimos seis anos conseguiu-se reduzir para um terço a área ardida e reduzir para metade o número de incêndios”, disse, sustentando que “o ano 2023 confirma as tendências que se foram observando” nos últimos seis anos, o que justificou com o investimento na prevenção.
O presidente da AGIF referiu que Portugal tem “uma estratégia, planeamento e uma programação conjunta a vários níveis”, designadamente nacional, regional e sub-regional, além de uma monitorização trimestral.
“Os comportamentos dos portugueses, seja na gestão do combustível à volta das casas, seja também como a redução do número de incêndios em pleno verão, demonstra que as pessoas se aperceberam do risco que implica usar o fogo em dias difíceis”, disse.
O responsável disse ainda que o resultado se deve a um conjunto de entidades, nomeadamente aos municípios, freguesias e operacionais, que “se esforçaram para que o principal objetivo fosse conseguido”, tendo-se apenas registado este ano dois grandes incêndios com mais de mil hectares, quando a média nos últimos anos era de sete fogos.
Na conferência de imprensa, o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Duarte Costa, disse também que o sucesso se deve aos portugueses, bem como ao maior número de meios de combate, mais capacidade de formação, criação das equipas multidisciplinares e constante aposta da profissionalização dos bombeiros voluntários.
A AGIF traçou ainda os objetivos para 2024, que passam por reforçar estímulos para proprietários e associações, assegurar a qualidade de decisão e a capacidade de gestão no uso eficiente e eficaz dos recursos, rever processos para melhorar o desempenho do sistema, mobilizar as entidades para a execução dos projetos previstos no âmbito nacional, regional e sub-regional, recuperar as áreas ardidas e aumentar área com silvicultura, pastorícia extensiva e a área tratada com fogo controlado.