O projeto, que conta com o cofinanciamento do instrumento financeiro europeu LIFE ao projeto “Aegypius return – Consolidação e expansão da população de abutre-negro em Portugal e no oeste de Espanha”, vai decorrer entre 2022 e 2027
O Abutre-preto (Aegypius monachus) é uma espécie com o estatuto “Criticamente em Perigo” em Portugal, sendo, igualmente, considerada de interesse comunitário e prioritária no contexto da Diretiva Aves.
A aprovação de cofinanciamento do instrumento financeiro europeu LIFE ao projeto “Aegypius return – Consolidação e expansão da população de abutre-negro em Portugal e no oeste de Espanha”, vai permitir avançar com um projeto, que decorrerá entre 2022 e 2027, e que pretende consolidar e expandir a população de abutre-preto em Portugal e no Oeste de Espanha, melhorando e acelerando a recolonização natural em curso da espécie.
Centrado na melhoria do seu habitat e das condições de alimentação, e na mitigação dos fatores de ameaça, esta iniciativa pretende duplicar a população reprodutora em Portugal e aumentar o sucesso reprodutor, com o objetivo de, a nível nacional, melhorar o estatuto de conservação. O projeto contribuirá para a conservação da biodiversidade, até porque os seus impactos e resultados extravasam a espécie-alvo e beneficiarão diversos habitats naturais e outras espécies protegidas, nomeadamente as demais aves necrófagas.
Após mais de meio século de declínio demográfico e ausência como nidificante no nosso país, o Abutre-preto restabeleceu, muito recentemente, várias pequenas colónias, a maioria em Áreas Protegidas (Tejo Internacional, Serra da Malcata e Douro Internacional). Esse processo de recolonização está a ser acompanhado, sendo que a estabilização desses núcleos carece de medidas específicas de conservação, nomeadamente as que estão identificadas no Plano de Ação para a Conservação das Aves Necrófagas, aprovado em 2019.
O projeto foi apresentado no dia 4 de novembro em Freixo de Espada-à-Cinta por um conjunto de entidades, liderado pela Vulture Conservation Foundation e incluindo a Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Proteção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade.
O ICNF colaborará de norte a sul do país, acompanhando-o de forma consultiva, mas também com a participação dos Vigilantes da Natureza na monitorização e salvaguarda dos ninhos, colónias, e com encaminhamento de indivíduos de Abutre-preto que, porventura, forem recolhidos pelo Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Gerês. O ICNF assume também o compromisso de promover a atualização das listas das espécies das Zonas de Proteção Especial englobadas do projeto e onde esta espécie não está ainda incluída.
O concelho de Freixo de Espada-à-Cinta, abrangido pelo Parque Natural do Douro Internacional, é relevante para esta espécie, pois foi aí que se instalou, a partir de 2012, uma pequena colónia (composta por 2 a 3 casais), e que corresponde ao único caso de nidificação desta espécie no Norte de Portugal. Trata-se de um caso isolado de nidificação, com aparente carácter excecional, em termos da sua biologia, pelo que com grande valor em termos de conhecimento científico e técnico.
No Parque Natural do Douro Internacional as ações previstas no projeto serão relevantes para a conservação do abutre-preto, pois complementam outras já desenvolvidas no projeto LIFE RUPIS e desenvolvidas pelo ICNF, nomeadamente, os projetos de conservação da natureza “RestArribas” e “HabDouro”, bem como o Programa transfronteiriço de monitorização de aves rupícolas desenvolvido há já 27 anos naquele Parque Natural e no contíguo Parque Natural de Arribes del Duero.
No Parque Natural do Douro Internacional as ações previstas no projeto serão relevantes para a conservação do abutre-preto, pois complementam outras já implementadas no projeto LIFE RUPIS e desenvolvidas pelo ICNF: os projetos de conservação da natureza “RestArribas” e “HabDouro”, assim como o Programa transfronteiriço de monitorização de aves rupícolas desenvolvido há já 27 anos no referido Parque Natural e no contíguo Parque Natural de Arribes del Duero.
Artigo publicado originalmente em ICNF.