A Hungria vai enviar para Cabo Verde esta sexta-feira os primeiros equipamentos de dessalinização para instalar na ilha de Santiago, que permitirão produzir 1.100 metros cúbicos de água potável por dia, foi hoje anunciado.
“Seguem amanhã [sexta-feira] para Cabo Verde os primeiros equipamentos de dessalinização e plantas solares para serem instalados em achada Baleia e Baía”, explicou fonte oficial do Ministério da Agricultura e Ambiente cabo-verdiano.
No âmbito do projeto de mobilização de água para agricultura, financiado pela Hungria, “para reforçar a cooperação técnica”, encontra-se naquele país europeu uma equipa pluridisciplinar cabo-verdiana constituída por elementos das empresas estatais Água de Rega (AdR) e Electra, de produção e distribuição de água e eletricidade.
“O objetivo da missão é de verificar e validar os equipamentos que serão encaminhados para Cabo Verde, preparar os projetos de engenharia civil, hidráulica e hidroagrícola. Ainda no âmbito desta missão tiveram encontros com parceiros estratégicos, acompanhados da VTK, a agência empreiteira da parte da Hungria”, esclareceu a mesma fonte.
A Hungria vai fornecer a Cabo Verde duas centrais de dessalinização ao abrigo da linha de financiamento para mobilização água ao setor agrícola cabo-verdiano, anunciou em 26 de outubro, no parlamento, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
“Para ainda este ano está previsto o embarque para Cabo Verde de duas dessalinizadoras, enquadradas na linha de crédito da Hungria, de 35 milhões de euros, como é sabido, seguindo-se os restantes investimentos”, afirmou o chefe do Governo.
Em causa está uma linha de crédito de 35 milhões de euros do Eximbank Hungary, banco estatal húngaro que fomenta as exportações e importações do país europeu, que visa mobilizar água para o setor agrícola cabo-verdiano, envolvendo empreitadas em condutas adutoras, numa primeira fase, e depois na modernização das maiores estações de tratamento de água do arquipélago – entre outros investimentos -, num contexto de períodos de secas cíclicas que Cabo Verde tem enfrentado, como nos últimos quatro anos.
“Este ano, graças a Deus, choveu. As perspetivas são de um ano agrícola entre o razoável e o bom, quer na produção de grãos, pasto e recarga de água. É sempre um sinal de esperança acrescido. Em contexto de crises graves, não nos limitamos a gerir emergências e contingências”, disse.
“Investimos e vamos continuar a investir na resiliência, com particular incidência nas zonas rurais. Resiliência e sustentabilidade assente em transição da agricultura e pecuária tradicional de subsistência para mais produtividade, mais rendimento e maior orientação para o mercado”, defendeu o chefe do Governo, no cargo desde 2016.
De acordo com Ulisses Correia e Silva, entre outros investimentos, o projeto da Bacia Hidrográfica de São João Batista, em Ribeira Grande de Santiago, de 15 milhões dólares, “está em fase de preparação do concurso” e na estratégia de água, os incentivos fiscais e financeiros para massificação da água gota a gota são para continuar.
“Os resultados registados são bons. A taxa de penetração de ligação através do sistema de rega gota a gota aumentou 27% em 2015 para 44% em 2022, e é para continuar a crescer”, justificou, garantindo igualmente que um novo pacote de investimento público em acessibilidades será lançado em 2023.
“Várias localidades foram desencravadas com impacto positivo na atividade agrícola, turística, no acesso a mercados e mobilidade de pessoas. Várias obras estão em execução”, disse ainda.