A secretária de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau, Salomé Allouche, manifestou hoje, na Praia, a disponibilidade do seu país em oferecer terrenos a Cabo Verde para a prática da agricultura.
“É uma possibilidade muito boa, temos terrenos para isso, estamos abertos para isso”, disse a governante, em conferência de imprensa, no primeiro dia de dois dias de visita a Cabo Verde e após um encontro de trabalho com o ministro das Comunidades cabo-verdiano, Jorge Santos.
A secretária de Estado disse que, ao chegar a Bissau, a primeira coisa que vai fazer é falar com o ministro da Agricultura para mostrar o interesse de Cabo Verde em querer criar essa parceria na agricultura.
“E nós estamos abertos a empresários de Cabo Verde poderem ir trabalhar nas terras como querem, porque, uma vez que nós temos terras e empresários aqui talvez não tenham terra suficiente para trabalharem, nós estamos disponíveis”, insistiu.
“Porque, na verdade, nós somos irmãos e porque não ajudar com o espaço, se nós não podemos fazer, os nossos irmãos têm condições de fazer e nós estamos disponíveis para dar terra para eles cultivarem e trabalharmos em conjunto”, completou Salomé Allouche.
O ministro das Comunidades cabo-verdiano disse que a cooperação na agricultura já está a ser discutida entre os dois governos e é um processo que vai envolver a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), no âmbito do “Corredor Rodoviário Dacar-Abidjan”.
Neste sentido, Jorge Santos entendeu que implica o desenvolvimento de empresas de transformação agroalimentar, mas também de transportes, dando conta que já existem iniciativas nesse sentido.
“Porque sem o transporte marítimo e sem o transporte aéreo, dificilmente estaremos a executar esses que são os grandes desígnios”, afirmou o ministro, frisando que isso vai fomentar ainda a cooperação com a Guiné-Bissau na aérea do turismo.
A Guiné-Bissau acolhe uma grande comunidade cabo-verdiana e a comunidade guineense continua a representar a maior comunidade estrangeira residente em Cabo Verde (33,7%), de acordo com os dados preliminares do primeiro inquérito sobre população estrangeira e imigrante em Cabo Verde, publicados em dezembro, que estima a existência de cerca de 11 mil imigrantes ou estrangeiros no país.
Em 24 de março, o parlamento de Cabo Verde aprovou a adesão ao tratado que em 2017 criou o “Corredor Rodoviário Dacar-Abidjan”, projeto multimodal de 3.164 quilómetros, após a garantia da incorporação da componente marítima “Praia-Dacar”, de 500 quilómetros.
O tratado com vista à implementação deste projeto foi adotado em junho de 2017, em Monróvia, por sete Estados-membros CEDEAO, casos da Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Serra Leoa e Senegal.
O documento prevê “a construção de uma autoestrada” com início em Dacar, Senegal, até Abidjan, Costa do Marfim, passando por todos aqueles países, conforme recorda a proposta votada e aprovada por unanimidade na Assembleia Nacional, na Praia.
Cabo Verde, único país arquipelágico da CEDEAO, não assinou a adesão ao projeto, mas 18 meses depois os Estados-membros adotaram o designado “Ato Adicional” ao tratado, aceite então pelo Governo cabo-verdiano, passando o projeto a incorporar a componente marítima entre o porto da Praia e Dacar, com cerca de 500 quilómetros, passando a ser designado “Corredor Praia-Dacar-Abidjan”.