O Governo Regional dos Açores está a elaborar um plano para a produção de leite na ilha de São Jorge, prevendo definir um valor mínimo para assegurar a sustentabilidade do setor, revelou hoje o secretário da Agricultura.
“Até ao final do ano, vamos definir um valor a partir do qual a produção de leite não pode descer. Quando descer abaixo de um determinado valor, que nós estimamos que pode ser, por aproximação, 26 milhões de litros de leite [por ano], pode pôr em risco a sustentabilidade de toda a fileira e das cooperativas”, adiantou, em declarações à Lusa, o titular da pasta da Agricultura nos Açores, António Ventura.
O plano, a implementar em 2023, será elaborado em colaboração com a cooperativa União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge (Uniqueijo) e com a associação de agricultores da ilha.
Segundo o secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, em 2021, a produção de leite em São Jorge rondou os 30 milhões de litros e “a estimativa é que chegue aos 27,5 milhões de litros” em 2022.
António Ventura assegurou que a quebra de produção de cerca de 10% “não é preocupante”.
“Por isso é que existe este plano, para que a matéria-prima não desça, tendo em conta que o leite em São Jorge tem um efeito multiplicador em toda a economia”, apontou.
Segundo o governante, o plano não vai implicar “um aumento de recursos financeiros”, mas uma “reorganização dos serviços públicos e da política pública em São Jorge”.
O executivo açoriano pretende criar “uma equipa técnica de acompanhamento no terreno” para o queijo de São Jorge.
“Queremos promoção da matéria-prima e do queijo de São Jorge e formação de curta duração, no âmbito da produção e das energias locais, desde logo o incentivo à produção de mais biológica”, adiantou o secretário regional.
António Ventura salientou que há cada vez mais recurso à pastagem na produção de leite em São Jorge e menos utilização de adubos e rações.
Registou-se ainda um aumento de 54 hectares na área candidata a agricultura biológica, havendo atualmente “644 hectares de pastagem de área biológica em São Jorge”.
Também na ilha de São Jorge, no concelho das Velas, vai ser instalado um sistema de controlo do abastecimento de água à lavoura.
A medida já tinha sido implementada na ilha de Santa Maria e o objetivo do executivo açoriano é alargá-la a todas as ilhas do arquipélago.
“Vão ser colocados contadores nos postos de abastecimento de água. Os agricultores terão uma chave e só essa chave permite descarregar uma quantidade de água”, avançou António Ventura.
Cada agricultor ter um ‘plafond’ de água anual, calculado com base no número de animais e na área de produção, e, ultrapassado esse valor, terá de pagar uma taxa pelo uso de água.
“É um sistema novo, que permite racionalizar e disciplinar o uso de água, para evitar os desperdícios”, frisou o governante.
A gestão será feita pelo município das Velas e pelo Instituto Regional de Ordenamento Agrário (IROA).