A Fundação Terra Agora, iniciativa que pretende formar um ‘banco de terras’ para conservação e regeneração de ecossistemas portugueses, anunciou que já está a avançar com o seu compromisso com o restauro ecológico em território nacional, tendo em marcha a regeneração de um terreno com 1600 hectares em Idanha-a-Velha, no distrito de Castelo Branco.
A entidade anunciou também, em comunicado de imprensa, que procura novos terrenos e projetos-guardiões, estes que serão depois orientados por uma entidade que se propõe a regenerá-los ao nível ambiental e social, envolvendo também a comunidade.
De acordo com a comunicação, a Fundação está “comprometida em recuperar e valorizar as paisagens naturais nacionais”, contribuindo para o objetivo definido pela UE, com a recente aprovação da Lei do Restauro da Natureza, e tendo já colocado em marcha as primeiras atividades através do projeto Idanha-à-Vida, do guardião PlantarFuturo.
“De momento, o projeto Idanha-à-Vida conta com uma equipa de nove profissionais dedicados a várias atividades regenerativas”, referiu Flávio Sambento, gestor do projeto Idanha-à-Vida, adiantando que, na área do restauro ecológico, “temo-nos dedicado à reflorestação do território e à produção de azeite em modo biológico com integração de animais de pasto”.
Já na vertente socioeconómica, através de atividades artísticas, encontros e oficinas, o responsável afirmou que “esforçamo-nos por resgatar tradições e fortalecer os laços humanos. Visamos assim valorizar a comunidade existente e criar novas e atrativas oportunidades sociais e económicas que restaurem a esperança e o sonho neste território envelhecido e despovoado”.
Reconhecida pelo Governo no início de 2024, a Fundação Terra Agora tem como objetivo adquirir terrenos, seja através da compra ou de doação, e promover neles projetos de conservação e regeneração da natureza, através de entidades que se tornam seus Guardiões. Os terrenos adquiridos não podem, depois, voltar a ser vendidos nem usados para quaisquer fins especulativos.
“A nossa principal missão após a aquisição dos terrenos é encontrar pessoas e comunidades dedicadas a preservá-los e regenerá-los ao longo das próximas gerações. A Fundação atua como alicerce, garantindo que têm todo o apoio necessário para criar e implementar projetos com grande impacto ecológico e socioeconómico. A par e passo, estaremos também ativos no campo da sensibilização e partilha de aprendizagens com a comunidade e as próprias escolas, assim como sendo agentes participativos que contribuam para a elaboração de novas políticas públicas”, explicou Ivan Sellers, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Terra Agora.
Através de um modelo de propriedade perpétua, a Fundação oferece o enquadramento legal para que o trabalho de conservação e regeneração possa ser feito sem interrupções ou perturbações. Os projetos-guardião devem apresentar retornos num horizonte de 175 até 300 anos em cinco tipos de capitais – natural, social, humano, construído e financeiro – fomentando o desenvolvimento local regenerativo, com o apoio da Fundação Terra para a sua elaboração.
De recordar que o Conselho Europeu adotou formalmente, dia 17 de junho, o regulamento relativo à Lei do restauro da natureza, que visa implementar medidas para restaurar, pelo menos, 20% das áreas terrestres e marítimas da União Europeia (UE) até 2030, e de quase todos os ecossistemas que necessitam de recuperação até 2050.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.