A pandemia e a guerra criaram a “tempestade perfeita” para um setor que cresceu sem parar, na última década, mas quer ir mais além. Pede apoios “consequentes, permanentes e bem estruturados” à internacionalização e promete contribuir para a riqueza nacional.
A indústria agroalimentar, que encerrou 2022 com exportações históricas de 7040 milhões de euros, tem a ambição de, em 2025, ultrapassar a barreira dos 10 mil milhões de euros de vendas ao exterior. Implica um crescimento anual acima dos 12% até lá, mas a meta é exequível, garante o presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), que reclama do Estado apoios “consequentes, permanentes e bem estruturados” à internacionalização do setor. “Portugal tem que criar um desígnio que nos guie naquilo que são as nossas ambições”, defende Jorge Henriques.
Depois de acumular mais de 20% de crescimento face a 2021, os dados de arranque de 2023 mantêm-se muito animadores, com as exportações a aumentarem mais de 18% para os 1216 milhões de euros em janeiro e fevereiro. Mas o setor acredita que é possível fazer muito mais.
“Portugal tem todas as competências necessárias para se afirmar, ainda mais, no panorama agroalimentar internacional. Temos a capacidade produtiva, a nível agrícola, a que podemos acrescentar valor, e temos a qualidade intrínseca dos produtos da indústria alimentar, por via desse abastecimento de proximidade que fazemos na agricultura. Além disso, temos a competência a nível industrial, de inovação e de capacidade de resposta. A prová-lo está o facto de crescermos de forma consecutiva na última década, o que decorre do reconhecimento que os consumidores internacionais fazem dos produtos alimentares portugueses”, argumenta o presidente da FIPA.
Além da qualidade dos produtos, há a questão da segurança alimentar em que, garante Jorge Henriques, “somos dos países mais competentes no espaço europeu”. O que faltou, então, para irmos mais longe do que já fomos? “Faltou ambição, não ao setor, mas ao país, para estabelecer o tal desígnio. Estamos sempre a dar a Irlanda como exemplo e é verdade que, no setor alimentar, tem feito um trabalho verdadeiramente irrepreensível e é um modelo que devemos seguir, porque precisamos de crescer, de produzir mais riqueza e sermos simultaneamente mais competitivos”, defende o responsável, considerando que Portugal tem que deixar de se contentar com crescimentos do PIB a 1 ou 2%. “O país tem necessidade de crescer muito mais, e de uma forma consequente, ao longo de uma série grande de anos. Não podemos ter esta volatilidade que tem sido o […]