A FENAREG participou hoje, 28 de Maio, no ciclo de conferências “Mesas redondas à volta da Terra” promovido pelo GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, onde foi debatido o tema “Barragens: que futuro?”.
O presidente da FENAREG, José Núncio, explicou que Portugal consegue armazenar apenas 20% das afluências médias anuais dos rios nas bacias hidrográficas (barragens) e que cerca de metade da água usada na agricultura provém de fontes subterrâneas. «É um erro usar recursos subterrâneos quando há recursos superficiais (água dos rios) disponíveis. As barragens são fundamentais para diminuir a pressão sobre as águas subterrâneas», defendeu.
Casos críticos como o da Albufeira do Monte da Rocha (no Sado), atualmente a 33% da sua capacidade, são uma preocupação. «É urgente ligar o Monte da Rocha ao Alqueva para que a área agrícola do Alto Sado possa ser regada», apelou José Núncio.
No Algarve, onde está prevista a execução de um plano de eficiência hídrica anunciado pelo Governo, a futura Barragem da Foupana e a ligação do Pomarão ao Guadiana serão fundamentais para abastecer as populações e a agricultura. «Com estas obras prevê-se uma redução da pressão sobre as águas subterrâneas dos atuais 41% para 25%», explicou o presidente da FENAREG.
No Tejo está identificada a barragem de Alvito/Ocreza para resolução dos problemas de regularização hídrica dos caudais nesta bacia hidrográfica. No período de Verão, o caudal de água libertado por Espanha no Tejo é insuficiente para as necessidades dos regantes e de outros utilizadores, além de constituir uma ameaça ao equilíbrio dos ecossistemas ribeirinhos.
A aposta na maior eficiência do uso dos recursos hídricos foi uma tónica no debate organizado pelo GEOTA e a este propósito a FENAREG apresentou dados inequívocos sobre a evolução da eficiência do uso da água na agricultura.
Entre 2002 e 2016, o volume de água necessário para regar as terras agrícolas passou de 6551 hm3 para 3432 hm3, ou seja, menos 48%. A melhoria das tecnologias e dos sistemas de rega está na origem desta evolução positiva, com a rega gota-a-gota a representar mais de metade da área regada em Portugal, o que coloca o nosso país entre os mais avançados do mundo, com uma eficiência média de 83% no regadio.
«Os agricultores têm feito o seu trabalho em termos de eficiência hídrica, mas à custa de um maior consumo de energia. Se o uso da água baixou para 1/4, o consumo de energia multiplicou por nove». Para reduzir a fatura energética e a pegada de carbono da agricultura a FENAREG defende o investimento em energias limpas (solar fotovoltaica) para bombagem da água nas redes de distribuição secundária (canais, condutas) e terciária (parcela agrícola). Algumas das associações de regantes filiadas na FENAREG já investiram em energias limpas, casos-piloto de sucesso que devem ser replicados.