A 14 de Junho, a Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg) apresentou publicamente a sua «proposta de estratégia para as políticas públicas de regadio até 2050», num evento levado a cabo durante a Feira Nacional de Agricultura 2019, no Cnema, em Santarém. O documento é baseado num estudo realizado pela Agroges e propõe sete eixos de desenvolvimento estratégico das políticas públicas de regadio, sendo estimado que «será necessário investir 1.700 milhões de euros no período 2021-2027 para modernizar o regadio nacional».
Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que esteve presente na sessão de encerramento do evento da Fenareg, indicou na ocasião que vai «apreciar com a atenção que merece este importante estudo da Fenareg, na certeza de que haverá contributos que serão tidos em conta pelo Governo». O governante referiu também que «o país e o sector terão em mim um aliado para que a fasquia dos 750 milhões de euros [a verba prevista para o desenvolvimento do regadio no âmbito do Programa Nacional de Investimentos 2030] possa ser ultrapassada, depois de fundamentada a sua necessidade com estudos concretos, como este que foi apresentado pela Fenareg».
Luís Capoulas Santos afirmou ainda que «é importante que haja, da parte do sector, uma posição forte, permanente e esclarecedora junto da opinião pública, para que seja mais fácil ao poder político lutar por este tema». Por sua vez, José Núncio, presidente da Fenareg, sublinhou que «o apoio do regadio é o grande desafio em que todos nos devemos envolver, recorrendo às diferentes origens potenciais de financiamento identificadas no estudo», e que «julgamos que o sector do regadio merece e responderá a este estímulo, fundamental para a coesão do território, para o crescimento da economia e para o bem-estar da população portuguesa».
Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), também presente na sessão de encerramento, considera o estudo «um passo gigante no sentido de provar aos organismos públicos que o sector não se conforma com a velocidade que está implementada no Programa Nacional de Investimentos 2030 no que se refere ao investimento no regadio nos próximos anos». Para o dirigente da CAP, o estudo apresentado «tem uma componente técnico-científica muito expressiva e essa é a base que nos dá a força para exigirmos que o sector do regadio seja aceite como a verdadeira ferramenta que permite potenciar o combate à desertificação e às alterações climáticas nas actuais e futuras áreas de regadio».
Segundo a Fenareg, o estudo «faz um diagnóstico estratégico e aponta objectivos a alcançar até 2050, com um plano de acção a executar entre 2021-2027 (período do próximo Quadro Comunitário de Apoio) e respectivos cálculos do investimento e origem do financiamento». A federação salienta ainda que os 750 milhões de euros previstos para o desenvolvimento do regadio no âmbito do Programa Nacional de Investimentos 2030, referidos pelo Ministro, correspondem a «apenas 2%» do orçamento total deste programa.
A Fenareg assinala que a sessão de apresentação da proposta contou com a presença de «representantes de 250.000 hectares de regadio, quase metade do regadio nacional». A proposta pode ser consultada no site da Fenareg.