Portugal apresenta actualmente o preço mais baixo do leite entre todos os países da União Europeia. E com o aumento do custo das rações, cresce o endividamento e o abandono do sector
Uziel Carvalho é um dos últimos cinco produtores de leite que resistem no concelho de Leiria. “Há 20 anos, éramos dezenas. Mas esta actividade já não é rentável”, lamenta.
O desalento de Uziel Carvalho junta-se ao de Jorge Silva, produtor de Alfeizerão, em Alcobaça, concelho onde só restam duas explorações de maior dimensão. Além destas, conta-se um punhado de outras, pequenas, mantidas por pessoas idosas e que estão em vias de acabar, expõe Jorge Silva.
As razões do declínio estão, de resto, bem identificadas pela Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), que num misto de revolta e de desespero escreveu uma carta aberta aos industriais de lacticínios, às empresas de distribuição, à ministra da Agricultura e ao secretário regional da Agricultura dos Açores.
Além do baixo preço do leite português, que está praticamente congelado há dez anos, e que se tornou o mais baixo de todos os países da União Europeia, os produtores nacionais batem-se agora com o aumento do preço das matérias-primas que compõem as rações. Sem intervenção rápida do Estado e sem que as cadeias de distribuição actualizem os preços junto dos seus fornecedores, o sector não vai resistir, explica ao JORNAL DE LEIRIA Carlos Neves, secretário-geral da Aprolep.
São dezenas de milhar de pessoas cujo trabalho depende das quatro mil produções de leite do País, e