Em entrevista na SIC Notícias, Maria José Roxo, geógrafa, professora e investigadora da Universidade Nova de Lisboa fala em “crime ambiental grave” e alerta para o que o poderá acontecer em outubro, “quando chover muitíssimo”.
Julho de 2023 foi o mês mais quente alguma vez registado na Terra, confirmou o serviço europeu Copernicus esta terça-feira. Um recorde com “consequências desastrosas”, incluindo grandes incêndios como os que se têm registado nos últimos dias em Portugal. Maria José Roxo realça que “o país tem um diagnóstico feito”, “sabemos o que é que se deve fazer no território” e apela ao envolvimento dos cidadãos. A geógrafa, professora e investigadora da Universidade Nova de Lisboa fala em “crime ambiental grave” e alerta para o que o poderá acontecer em outubro, “quando chover muitíssimo”.
A especialista começa por louvar e agradecer “a todas as pessoas que estão a combater os incêndios neste país”, que não teve as “ondas de calor que a Europa sofreu durante uma série de dias”, mas que continua “a ter um sério problema”
Maria José Roxo realça que a situação está devidamente diagnosticada, “sabemos o que é que se deve fazer no território, como é que o território deve ser gerido, como é que a floresta deve ser gerida”, mas que muito tem ficado por fazer.
No entender da investigadora, que sublinha o papel da prevenção e da conservação, a responsabilidade é dos governos, mas também é dos cidadãos que “devem estar alerta” na defesa da floresta que é “um bem comum”.
“Somos um país pequeno, temos problemas com as mudanças climáticas e eu não quero prever o futuro, mas acho que nos vamos encontrar em outubro, quando chover muitíssimo, quando todos estes solos que ficaram desprotegidos vierem pelos barrancos, pelas vertentes abaixo”, explica a geógrafa, que destaca o papel da floresta na retenção das águas.
A professora da Universidade Nova de Lisboa deixa um alerta para a “negligência”, para a “mão criminosa” e defende: “A moldura criminal não é correta, temos de ser efetivos”.