Para trabalhar as vinhas e gerar valor no sector nos vinhos em contexto de crise climática, a Sogrape está a focar-se nas castas, na água, no solo e na gestão da biodiversidade.
Como trabalha a Sogrape as suas vinhas de forma a mitigar os efeitos da crise climática e, em simultâneo, gerar valor? A empresa, o único representante do sector vitivinícola e do agro-alimentar no grande projecto da Organização Meteorológica Mundial para encontrar aplicações de valor acrescentado para as previsões near-term em viticultura, há muito que trabalha estas questões.
Em conversa com o PÚBLICO, o seu director de investigação e desenvolvimento dá conta dos últimos ensaios da Sogrape em Portugal, nomeadamente no Douro e no Alentejo — a empresa está presente em mais quatro regiões; lá fora está noutros quatro países produtores. O foco deve ser colocado nas castas, na água, no solo e na gestão da biodiversidade, enuncia António Graça. Vamos por partes.
Há décadas a trabalhar na “conservação da diversidade genética das castas nativas, as que representam a qualidade e a identidade dos vinhos portugueses”, a empresa, co-fundadora da PORVID (Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira), continua a estudar as variedades autóctones e, em função do que já sabe sobre elas e do que espera do clima nos próximos anos, está a ensaiar diferentes coisas. Que nunca passam por desistir de uma ou de outra casta, mas antes por tratar diferente o que é diferente.
Na Herdade do Peso, no Alentejo, partilha o responsável, a Sogrape está a terminar um investimento (que “não foi financiado na vertente de investigação”) de mais 42 hectares de vinha, plantados em 2020 e onde a empresa está “a testar castas que até aqui não usava”. “Por exemplo, levamos algumas castas do Douro para o Alentejo, como o Tinto Cão e a Touriga Francesa, mas também Grenache, que é uma casta que tem uma boa resistência à secura.”
Mais: “O desenho desses talhões já não é geométrico. Isso foi também uma adaptação possibilitada pelos estudos e mapeamento de solos que realizámos.” O objectivo é “obter a maior homogeneidade possível (total seria inexequível) em cada talhão”, com “vantagens operacionais” mas também ao nível da sustentabilidade, permitindo “trabalhar e gerir os solos e a biodiversidade de forma mais coerente com […]