O bolo-rei de maçã Bravo de Esmolfe é a mais recente criação de uma empresa para evitar desperdício da fruta que não é vendida, por diversos motivos, disse à agência Lusa um responsável.
“A iniciativa pretende reaproveitar as maçãs com cariz não comercial e de baixo calibre, de forma a estimular a economia circular”, justificou o presidente do Centro Estratégico de Inovação Territorial (CEIT).
Cristóvão Monteiro adiantou à agência Lusa que a plataforma drbravo.pt, onde é possível adquirir maçã Bravo de Esmolfe, tem “agora disponível e em exclusivo a venda do bolo-rei” desta maçã, desenvolvido por uma confeiteira local, a “partir do reaproveitamento” do fruto.
“Desenvolveu uma nova iguaria que preserva todas as propriedades medicinais da maçã Bravo de Esmolfe, reduzindo a sazonalidade e contribuindo para a circularidade, reintroduzindo uma nova fase na cadeia de valor do produto”, acrescentou Cristóvão Monteiro.
Sandra Ferreira explicou à agência Lusa que a maçã, “exclusivamente adquirida junto de produtores locais certificados que garantem a sua autenticidade, quando cozinhada não sofre alterações, mantendo assim as suas propriedades”.
“A maçã é descascada, cortada e depois é preparada com açúcar moreno de cana integral, que, não sendo um açúcar refinado, mantém também as suas propriedades nutricionais”, acrescentou.
Neste sentido, pretendeu-se “desenvolver uma receita o mais natural possível e que garantisse “o sabor e as propriedades inerentes desta variedade de maçã” existente em Esmolfe, no concelho de Penalva do Castelo, distrito de Viseu.
“O ponto de partida foi a receita tradicional, garantindo o processo de base. No entanto, enquanto a outra massa é mais dura, esta é mais fofa e húmida”, esclarece a confeiteira, que, além da maçã, também usa “um pouco de amêndoa”.
Outra diferença do típico bolo-rei, continuou, é que, “enquanto o original leva fruta cristalizada”, este tem, em “substituição, “maçã Bravo de Esmolfe em estado natural” e “é feito sem qualquer aditivo artificial”.
Assim, Sandra Ferreira esclareceu que, “naturalmente, terá menos validade do que o tradicional, por ser um bolo mais natural”, mas, mesmo assim, tem “uma validade mínima de duas semanas, o que já é considerável”.
A conservação da maçã, explicou Cristóvão Monteiro, foi um processo “articulado entre o CEIT, os produtores e a própria Sandra Ferreira, tendo em conta a preparação” do bolo-rei com base na fruta, uma vez que na altura da campanha da maçã “estava a ser trabalhada” a ideia.
“Foi reservada uma quantidade específica de maçãs com baixa calibre, precisamente por ter essa característica, e apresenta um estado de conservação natural mais longo, garantindo o seu valor nutricional”, sublinhou este responsável.
Cristóvão Monteiro lembrou que o bolo-rei “é um dos subprodutos” pensados pelo CEIT para “evitar desperdício e aproveitar toda a maçã dos produtores” locais e que, no futuro, “poderão aparecer outras iniciativas com base na maçã” Bravo de Esmolfe.
“Esta ação é aplaudida pelos produtores, que podem agora atenuar os prejuízos gerados pelas intempéries de outubro, comercializando maçãs de baixo calibre”, destacou este responsável, adiantando que também estão a ser equacionadas “experiências turísticas” em Esmolfe.