A área metropolitana de Barcelona, a segunda maior cidade de Espanha, vai entrar em alerta esta semana, em pleno outono, por causa da seca, com limitações à utilização de água por parte da população, agricultura e indústria.
Outras zonas da região da Catalunha estavam já há meses sob este alerta, por causa das reservas de água historicamente baixas num ano com pouca chuva, mas o governo regional decidiu hoje alargar a declaração à cidade e toda a área metropolitana de Barcelona.
No total, 6,6 milhões de pessoas na Catalunha passarão a estar sob este alerta e a viver com limitações na utilização de água, o equivalente a 85% da população da região.
A extensão do alerta – que entrará em vigor quando for publicado no boletim oficial, previsivelmente, até ao final da semana – ocorre por as reservas de água na bacia dos rios Ter e Llobregat, usados para abastecer Barcelona, estarem a 34% da capacidade, depois de meses a fio com nenhuma ou muito pouca chuva.
Esta é a segunda vez que o governo catalão declara este alerta na área metropolitana de Barcelona, depois de o mesmo ter acontecido em 2008.
Por causa do ocorrido naquele ano, as autoridades investiram em infraestruturas de dessalinização de água do mar e aumento da capacidade de tornar água potável, mas a produção assim conseguida não foi suficiente para evitar o alerta este ano.
O alerta por causa da seca agora estendido a Barcelona traduz-se no estabelecimento de máximos de consumo doméstico de água e diminuição dos tetos determinados para a agricultura ou a indústria.
No caso do consumo doméstico, as autoridades catalãs dizem que não é um problema, por o consumo médio da população ser muito inferior ao estabelecido na norma (250 litros por pessoa diariamente).
No entanto, com este alerta em vigor, passa a ser proibido usar mangueiras para lavar carros, fachadas ou passeios, por exemplo.
A rega de jardins só pode ser feita entre as 20:00 e as 08:00 e são limitadas as possibilidades de encher e renovar a água de piscinas, além de outras utilizações consideradas para fins lúdicos.
No caso da agricultura, diminuiu-se em 25% a água destinada a rega e em 10% a usada com o gado.
Na indústria, deve haver uma diminuição de 5% na água consumida.
A conselheira de Ação Climática do governo da Catalunha (equivalente a ministra num governo central), Teresa Jordà, disse que o nível das reservas de água na bacia Ter-Llobregat “é preocupante” e apelou à população para poupar.
Segundo afirmou, a água armazenada neste momento garante o abastecimento da cidade e área metropolitana “por mais de um ano” e não estão previstos cortes.
As reservas de água nas barragens de toda a Catalunha estão a 34% da capacidade total, o nível mais baixo desde 2007.
A situação na bacia dos rios Ter e Llobregat já estava em pré-alerta desde fevereiro deste ano e a adoção de medidas nestes nove meses, como o aumento da produção das estruturas de dessalinização, conseguiu fazer adiar até hoje a extensão do alerta à zona de Barcelona, segundo a Agência Catalã da Água (ACA).
Na sequência do anuncio do governo regional, a Câmara Municipal de Barcelona avançou hoje com medidas específicas para a cidade que passam por limitar a rega de jardins particulares a dois dias por semana, por esvaziar 42% das fontes ornamentais públicas (que funcionam com água potável) e por reduzir a quantidade de água usada pelos serviços de limpeza da autarquia.
A Câmara pede também à população para poupar água no dia a dia e dá como exemplo a opção por “um duche de cinco minutos em vez de um banho”.