A Associação Nacional dos Industriais de Laticínios (ANIL) alertou hoje para o “grande desespero” da indústria por não conseguir “repercutir nos seus preços de venda os importantes aumentos de custos”, instando as cadeias a aumentarem os preços no consumidor.
“Assumindo as suas responsabilidades enquanto atores últimos da fileira, terão que considerar a absoluta necessidade de subida de preços, particularmente ao nível das marcas de distribuição, traduzindo-o em valor aceitável pelo consumidor”, refere a ANIL, dirigindo-se às cadeias de grande distribuição.
“As cadeias de distribuição, nomeadamente a cadeia LIDL, não podem continuar a assistir passivamente ao previsto desaparecimento da produção nacional, não acompanhando o esforço já suportado pela indústria do aumento dos custos de produção”, reforça a associação.
De acordo com a ANIL, a polítia de desvalorização dos produtos lácteos vai deixar a indústria “sem capacidade de fazer face aos seus compromissos de abastecimento do mercado nacional”.
A ANIL refere que a não transmissão dos aumentos de custos em bens como matérias-primas, embalagens, energias ao longo da cadeia “não é sustentável”.
“A curto prazo levará ou à falência de muitas empresas, com as evidentes consequências sociais para os seus trabalhadores e com real impacto no abastecimento de laticínios nacionais ao mercado”, avisou a associação, que colocou ainda em cima da mesa o “retrocesso dos aumentos do preço do leite já realizado aos produtores, com consequências obviamente nefastas ao nível da produção de leite e à sobrevivência dos próprios produtores”.
A ANIL aponta que há uma “total falta de respeito pelos esforços que a indústria está a fazer para manter a produção e a atividade da fileira do leite em Portugal”, acrescentando que desde outubro de 2021 foram registados aumentos de 9,5 cêntimos por litro na aquisição de leite aos produtores – “um aumento superior a 30%”.