A Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL), sediada em Évora, acusou hoje o Governo de incompetência na elaboração do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que resultou em cortes nas ajudas ao setor.
“O corte nas ajudas à agricultura biológica e à produção integrada, anunciado esta semana, é a confirmação daquilo que toda a gente já sabia”, pode ler-se num comunicado da AJASUL enviado à agência Lusa.
Esta reforma da Política Agrícola Comum (PAC), vincou, “foi mal conduzida, mal delineada e mal executada”, pois “falhou completamente os seus objetivos principais e cavou ainda mais o fosso entre os diferentes sistemas e modos de produção”.
“A pressa em concluir o processo, movida por uma vaidade pessoal da titular da pasta, que, sem olhar a meios, prazos e razoabilidade, decidiu, porque sim, sermos nós o primeiro país a apresentar o plano em Bruxelas”, salientou a associação.
Aludindo à “perda de funcionários, encerramento das direções regionais e desmembramento do ministério”, a AJASUL defendeu que, tendo em conta este cenário, era preferível “implementar com calma” o PEPAC, como outros países fizeram.
“Não foi essa a visão da nossa ministra, que optou por fazer um PEPAC à pressa, com medidas a saírem mais de seis meses atrasadas, sem um plano definido e uma linha temporal razoável e um período de candidaturas ridículo que só acabou em outubro, levando a atrasos inconcebíveis no pagamento das ajudas”, disse.
Esta associação realçou que esta PAC ‘foi vendida’ aos agricultores “como mais amiga do ambiente, mais ecológica e protetora da biodiversidade e da integridade territorial”, lamentando que tenha acabado por “prejudicar gravemente as explorações que mais defendem os princípios anunciados”.
“E culminou, por incrível que pareça, no corte das ajudas aos sistemas de produção que mais protegem o meio ambiente e a biodiversidade e os sistemas biológicos e de produção integrada”, acrescentou.
A AJASUL considerou que “este desnorte total” resulta da “incompetência da ministra da Agricultura para exercer o cargo” e também “da prepotência do GPP [Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral]”.
O GPP, sustentou, “definiu as políticas à sua vontade, sem ouvir quem sabe e sem qualquer ligação à realidade do país”.
“A ideologia e o preconceito contra a pecuária extensiva sobressaíram, levando a quebras no rendimento destas explorações na ordem dos 30%”, deu como exemplo a associação, frisando que a política agrícola do país é norteada “em função de grupos de pressão que representam uma minoria do país e vivem numa bolha”.
“Isto culminou num PEPAC desastroso para o setor com um ataque aos sistemas agrosilvopastoris sem precedentes”, concluiu.
A AJASUL tem cerca de 600 associados, maioritariamente no distrito de Évora, e elabora anualmente cerca de 1.300 candidaturas ao pedido único (ajudas).
Também a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) lamentaram, esta semana, os cortes nos pagamentos aos agricultores no âmbito do PEPAC.
Reforma da PAC foi mal conduzida, mal delineada e mal executada