O corte nas ajudas à agricultura biológica e à produção integrada anunciado esta semana é a confirmação daquilo que toda a gente já sabia. Esta reforma da PAC foi mal conduzida, mal delineada e mal executada, falhou completamente os seus objectivos principais e cavou ainda mais o fosso entre os diferentes sistemas e modos de produção.
A pressa em concluir o processo, movida por uma vaidade pessoal da titular da pasta que, sem olhar a meios, prazos e razoabilidade, decidiu, porque sim, sermos nós o primeiro país a apresentar o plano em Bruxelas. Numa altura de perda de funcionários, de encerramento das direcções regionais e desmembramento do ministério seria avisado pensarmos bem no que queríamos fazer e implementar com calma, à semelhança de vários outros países como sejam a Alemanha a Espanha e a França. Não foi essa a visão da nossa ministra que optou por fazer um PEPAC a pressa com medidas a saírem mais de 6 meses atrasadas, sem um plano definido e uma linha temporal razoável e um período de candidaturas ridículo que só acabou em outubro levando a atrasos inconcebíveis no pagamento das ajudas.
Numa PAC que se vendeu como mais amiga do ambiente, mais ecológica, protectora da biodiversidade e da integridade territorial acabámos a prejudicar gravemente as explorações que mais defendem os princípios anunciados e que culminou, por incrível que pareça, no corte das ajudas aos sistemas de produção que mais protegem o meio ambiente e a biodiversidade os sistemas biológicos e de produção integrada.
Este desnorte total resulta directamente da incompetência da ministra da agricultura para exercer o cargo. Resulta também da prepotência do GPP que definiu as políticas a sua vontade sem ouvir quem sabe e sem qualquer ligação a realidade do país. A ideologia e o preconceito contra a pecuária extensiva sobressaíram levando a quebras no rendimento destas explorações na ordem dos 30%. Norteamos a nossa política agrícola em função de grupos de pressão que representam uma minoria do país que vive numa bolha e que quer que todos pensem como eles. O país é Lisboa e o litoral, o interior está esquecido e abandonado até por aqueles que o deviam proteger.
Os últimos anos foram de ataques cerrados ao sector, com uma ministra incompetente, um GPP capturado por interesses e um IFAP que faz o que quer. Isto culminou num PEPAC desastroso para o sector com um ataque aos sistemas agrosilvopastoris sem precedentes.
Exigimos respeito, competência e seriedade. Mais nada. Infelizmente nada disso existe no actual Ministério da Agricultura. Não vamos ficar parados enquanto assistimos à destruição dum sector por causa de ideologias ridículas, vaidades pessoais e incompetência gritante.
Os agricultores precisam de mais, o interior depende de nós. Portugal merece melhor.
Évora 26 de janeiro de 2024
A direcção da AJASUL.