A Acréscimo — Associação de Promoção ao Investimento Florestal garante que de acordo com os registos oficiais sobre área ardida em Portugal, o presente quinquénio (2016-2020) regista, “pela primeira vez, maior área ardida em floresta e em plantações lenhosas do que em área de matos e de ocupação agrícola”.
“O facto é evidente, mesmo tendo presente que os dados referentes a 2020 são ainda provisórios (actualmente com uma área ardida total de 64.120 hectares, com 48% em área florestal e de plantações lenhosas, 43% em área de matos e cerca de 10% em área agrícola)”, refere um comunicado da Associação.
“Esta situação inverte o estigma de perigosidade associada aos matos. A mesma leva a questionar as opções de política florestal e de ordenamento do território seguidas nos últimos cinco quinquénios”, salienta a direcção da Associação de Promoção ao Investimento Florestal.
E diz que em causa está ainda “a vulnerabilidade crescente do território face à perda de coberto arbóreo e à desflorestação, designadamente no que respeita às ameaças das alterações climáticas e do avanço da desertificação”.
Por último, refere o mesmo comunicado que “fica evidente o agravamento da situação de abastecimento de matéria prima lenhosa às indústrias de base florestal, pondo em causa a sua sustentabilidade, com consequências ao nível do emprego, na produção de riqueza e impactos futuros nas exportações”.
Reajuste na política florestal
Para a direcção da Acréscimo, “urge assim um reajuste na política florestal. Há que adoptar, com urgência, medidas para a redução do risco de incêndio em áreas de floresta e de plantações lenhosas, concretamente, as que actuem sobre as causas da vulnerabilidade destas áreas a este agente abiótico. Aqui, assumem destaque o condicionamento do rendimento rural e outros factores que contribuem para o êxodo rural e o abandono da gestão do território”.
O artigo foi publicado originalmente em Agricultura e Mar.